Total War: Pharaoh – Bem vindo às areias ancestrais do Nilo, onde muitas dinastias históricas nasceram e foram derrubadas, onde agora, finalmente, podemos ser nós a comandar os exércitos egípcios para dominar tudo o que está sob o olhar de Ra.
Desta vez, para além do setting novo, a Creative Assembly decidiu voltar às suas raízes no que toca ao desenvolvimento de um jogo baseado no realismo histórico (dentro do possível). Isto já era um retorno esperado visto que o último jogo deste franchise foi o Total War Warhammer III, baseado no mundo de fantasia da Games Workshop.
Será que Total War: Pharaoh vai mostrar ser um sucessor digno deste franchise? Ou será que este estes Total War históricos estão prontos para a reforma no museu do gaming?
Vamos descobrir com esta análise.
Total War: Pharaoh (Análise PC)
Gameplay
Uma realidade deste franchise é que desde há alguns títulos atrás, o gameplay é exatamente aquilo que já esperamos de um Total War, especificamente do Total War: Troy.
No entanto, se é fã desta saga e ultimamente tem jogado os TW mais focados na fantasia (Warhammer), tem de estar preparado para o facto de Pharaoh não só ser centrado no realismo, como no facto de ser um período na história em que nem existia cavalaria na guerra (era do bronze).
Com isto quero dizer que, apesar do gameplay ser divertido e de ter tudo o que esperamos de um TW, os possíveis arranjos de exércitos não são tão complexos/variados como pode estar habituado.
O que não quer dizer que seja um mau jogo, o setting é suficientemente interessante e diferente para se manter relevante.
A campanha principalmente está muito bem desenvolvida, especialmente no que toca ao layout dos territórios e à representação da política e cultura desta parte do mundo na era do bronze.
Podemos escolher um pretendente ao trono desta parte do mundo entre os quatro egípcios: Ramesses, Seti, Tausret ou Amenmesse, os dois Cananeus: Bay ou Irsu e os dois Hititas: Suppiluliuma ou Kurunta. Cada povo com a sua própria política e costumes religiosos que têm de ser levados em consideração se queremos formar um império forte, evitando ao máximo guerras civis e conspirações.
Apesar de existirem zonas e mapas sem muitas características que os diferenciam (afinal, é uma zona composta em grande parte por deserto), foram mais as vezes que dei por mim a apreciar o terreno e o ambiente do que a reclamar com a repetitividade… entre toda a carnificina da guerra, claro.
Claramente a Creative Assembly soube aproveitar bem o “pouco” com que tinha para trabalhar neste aspeto visual.
Temos as batalhas em grande escala como seria de esperar, com toda a estratégia e brutalidade pelo qual o TW é conhecido… dentro do que a tecnologia desta era permite.
Quando vencemos um batalha, por exemplo, podemos escolher matar o nosso inimigo, fazê-lo pagar um tributo, atacar uma aldeia diretamente ou fazer um cerco para enfraquecer os ocupantes, podendo depois escolher se ocupamos ou saqueamos a mesma, etc…
A forma como conquistamos este império está inteiramente nas nossas mãos e permite a cada jogador tomar a abordagem que lhe parece melhor.
Claro que a diplomacia também é algo que não podemos ignorar num Total War, a melhor abordagem nem sempre é entrar em conflito direto.
Bem, a não ser que esteja a fazer roleplay de um grupo de bárbaros que nem entendem o significado da palavra democracia. (No entanto se for por este caminho, parabéns, desbloqueou um novo Hard Mode).
Podemos abordar alguma desta diplomacia de várias formas. Sendo possível, se for essa a nossa ambição, batalhar pela posição de faraó! Subindo na “corte” e ir atingindo posições mais altas até o próprio trono ser nosso. Dito isto, se fazemos tudo através de honra e caráter ou através de manipulação e brutalidade já é consigo, caro jogador.
É também importante ter em consideração que, especialmente se o último TW que jogou foi o Warhammer III, Pharaoh é consideravelmente mais difícil. O que sinceramente vai trazer muita felicidade aos fãs hardcore da série que procuram algo mais desafiante (no entanto os principiantes podem estar descansados, é possível ajustar a dificuldade e existe também um tutorial muito completo se necessitar de aprender os básicos deste franchise).
Gráficos e Performance
A nível gráfico, Pharaoh consegue arranjar um ótimo equilíbrio entre visuais e performance.
Com isto quero dizer que tanto numa visão afastada em que vemos grande parte do campo de batalha e estão presentes centenas de soldados ou a fazer zoom para conseguir ver cada combatente individualmente. Entretanto, a qualidade e animação dos modelos é aquilo que pode esperar de um TW moderno.
Relativamente à performance, apesar de existir um quantidade bastante satisfatória de opções que podemos adaptar ao nosso hardware. Existem os típicos bugs e quedas (pequenas) de performance que assombram os Total Wars desde há algum tempo. Felizmente não é nada que comprometa a experiência. No entanto é algo importante de referir pois há sempre espaço para os developers continuarem a otimizar os seus jogos.
Conclusão
Posso concluir a dizer que Total War Pharaoh consegue, pela maior parte, proporcionar a experiência mais próxima da conquista do Nilo. Talvez mais importante que isto, o facto de fazer sentir o que é ser um faraó na era do bronze.
O setting, apesar de extremamente apelativo, não deixa de criar algumas limitações. Especialmente no que toca ao tipo de soldados disponíveis e aos campos de batalha apresentados. Porém diria que acaba por estar mesmo ligeiramente acima do que considero ser o meu limite para a variedade num jogo deste género.
Se gostou de Total War: Troy e queria mais desta experiência mas com uma pintura egípcia, posso recomendar Total War: Pharaoh. Porém tenha presente o facto de não existir propriamente inovação nas mecânicas e de, por vezes, parecer até um possível DLC para o Troy.
Basicamente, na minha opinião, trata-se de “mais um” Total War histórico. Com tudo de bom que este franchise consegue trazer, mas que também não corre nenhum risco. Infelizmente, acaba por ser mais do mesmo.