Topo Mix Game: estreia mundial em Portugal do novo jogo de Borrocop

Alfonso Fernández Borro, aka Borrocop, depois de Em Busca do Mortadela, volta a lançar no mercado português novo jogo traduzido para a nossa língua, tendo honras de estreia mundial na Leak e em Planeta Sinclair, simultaneamente. Nesta fase apenas está disponível para download (gratuito), mas espera-se a edição física (cassete) para inícios de fevereiro.

E este novo novo jogo chega numa data comemorativa. É que a sua filha faz hoje trinta anos, e é também o aniversário da Topo Soft, que comemoraria em 2017 a mesma idade. Daí que Topo Mix Game surja em clima de dupla celebração. Além disso, a versão portuguesa é também a primeira a sair a nível mundial, sendo este mais um motivo que nos enche de orgulho.

A melhor forma que Borrocop encontrou para homenagear então esta célebre casa de software espanhola foi pegar nos heróis (e também vilões) dos seus jogos, e torná-los estrelas nesta nova aventura. Não é assim de estranhar que apareçam por aqui muitas figuras conhecidas dos anos 80, pelo menos para aqueles que estavam dentro da cena espanhola do Spectrum (e em Portugal eram muitos). A história do jogo reflete isso mesmo e na própria capa podemos ver alguns desses heróis.

O jogo Desperado, de 1987, é desde logo aquele que tem um impacto maior na história, uma vez que o xerife (agora renomeado Bill MacColl, como agradecimento a Guillermo Coll, responsável pelas vendas das edições físicas dos jogos de Borrocop – Eduardo Libardón foi o responsável pelo lançamento dos jogos), será o nosso maior inimigo, desempenhando o papel do vilão. O design do xerife é da autoria de Julio Martín Erro (que amavelmente deu autorização para o usar no ecrã de carregamento e capa).

A Silent Shadow, de 1988, foi-se buscar a torre, passando esta a ser um inimigo, mais uma vez tendo a autorização dos seus autores para ser incluído em Topo Mix Game.

Neste lote pode-se ainda adicionar três outros jogos em que Borrocop participou: Zona 0 (1991), Mad Mix 2 (1990) e Viaje al Centro de la Tierra (1989). Deste último foram incluídas as tartarugas, que é o link entre a aventura original e a versão posterior expandida de 2008.

Zona 0 contribui com alguns elementos decorativos, que aparecem em níveis avançados do jogo, fazendo-se apenas algumas modificações. Mas também em termos de sprites, encontramos as cybermotos, que, ao contrário de Dimitrov, cresceram aqui em tamanho, tendo estas como objetivo impedir os movimentos do nosso herói. Há ainda um terceiro sprite que nos persegue e alguns cantos do cenário, que também pertencem a Zona 0, mas que no fundo são uma piscadela a um dos jogos favoritos de Borrocop (e também de Planeta Sinclair, diga-se): Higway Encounter.

Finalmente, Mad Mix 2 contribui com as rolhas dos tinteiros, com “Draco”, que também aqui repete o papel de inimigo, com os rolos e plataformas direcionais, e com as “vidas extras” que voam. De referir que todos estes sprites e gráficos derivam dos projetados por Roberto Potenciano – ACE -.

Quanto ao protagonista, Yuri Dimitrov, este diminuiu o seu tamanho em alguns pixeis e a visão lateral tornou-se agora isométrica, tentando-se, no entanto, assemelhar o mesmo ao original.

Dentro dos gráficos projetados por Borrocop aquando do seu trabalho na Topo Soft, estes sofreram também ligeiras modificações, e que à primeira vista poderão parecer impercetíveis, mas que os diferencia dos sprites originais nesses jogos.

Por fim, e apenas para completar o enquadramento de Topo Mix Game, diremos que existem ainda reminiscências de alguns dos melhores jogos da Ultimate, nomeadamente Knight Lore, a quem foram emprestados os espetos (com ligeiras modificações), enquanto que de Alien 8 “roubou-se” o design das portas dos quartos.

Passando à história de Topo Mix Game, diz-nos esta esta que o caos reina atualmente na Topo Soft, tudo porque aquele que antes era um herói, o xerife MacColl, tomou o gosto do poder e vai daí, marimbou-se para a democracia e subjugou os restantes personagens desta editora. Mas esses não ficaram pelos ajustes, juntaram-se e convocaram o soldado Yuri Dimitrov, de R.A.M., para limpar o sebo ao xerife. Como já perceberam, assumimos o papel do soldado e temos que entrar no refúgio de MacColl, que no entanto está infestado de inimigos e armadilhas (não estavam à espera que a missão fosse fácil, ou estavam?).

Em termos de mecânica de jogo é muito parecido com Em Busca do Mortadela, tendo sido também criado com o 3D Game Maker (com as fragilidades que tão bem se lhe conhecem). Aliás, este é mesmo o único defeito que apontamos a Topo Mix Game, a sua parecença com o já referido Mortadela. Mas a intenção de Borrocop foi mesmo a de fazer um jogo similar a esse, existindo, no entanto, algumas diferenças importantes, tanto no design, como na estrutura do jogo. Em Mortadela não havia um labirinto na verdadeira acepção da palavra, muito embora o programa 3D Game Maker levasse a entender isso. Em Topo Mix Game isso já não acontece e terão necessariamente que começar por fazer um mapa, pois existem salas muito semelhantes, mesmo o seu número sendo inferior ao de Mortadela. Temos aqui cento e sessenta salas, nenhuma delas sem saída, o que nos permite chegar ao final do jogo por múltiplos caminhos. Sem contar que alguns dos obstáculos a ultrapassar vão também exigir muita perícia e dedo rápido no gatilho, dificultando ainda mais a nossa tarefa.

De Mortadela, a sequência de destruição do herói e dos inimigos foi retomada, mas foram construídos novos sprites para este jogo. Mas, por outro lado, graficamente as semelhanças já diminuem consideravelmente. Excluindo o facto de estarmos perante uma aventura isométrica, e ainda por cima com as próprias limitações do motor onde foi criada, Topo Mix Game prova que aquilo que Borrocop faz mesmo de melhor são os cenários e gráficos que cria para cada um dos seus jogos, que mesmo inevitavelmente sendo monocromáticos, são absolutamente deliciosos. Os sprites são muito nítidos, com a figura do soldado a sobrepor-se aos restantes. Nota máxima neste aspeto, portanto.

A ideia subjacente a Topo Mix Game foi então a de Borrocop fazer um tributo aos seus companheiros do Topo Soft, sendo-lhes este dedicado (assim como à própria filha do autor).

Borrocop confidenciou-nos também que gostaria que R.A.M. 2 – Space Mission (jogo a sair em 2018) fosse o verdadeiro tributo, mas como não depende só dele, tomou a decisão de fazer um jogo que honrasse o trigésimo aniversário do Topo Soft.

Este é assim um jogo que vos aconselhamos fortemente a ir buscar, não só porque vos irá envolver completamente, em especial para quem gosta de aventuras isométricas, mas também pelo próprio enquadramento e história, podendo Topo Mix Game (versão portuguesa) ser descarregado gratuitamente aqui, e que vos irá entreter até chegar a versão física.

 

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André Leão
André Leãohttp://planetasinclair.blogspot.pt/
Tive o meu primeiro computador em 1985, um TC 2048, que me iniciou na informática. Apesar de no final dos anos 80 ter definitivamente passado para os 16 bits, o bichinho do Spectrum e clones sempre ficou, até aos dias de hoje. Atualmente coleciono tudo o que tenha a ver com o Spectrum e vou estando a par das novidades deste mercado, sendo fundador do blogue Planeta Sinclair.

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