Há já bastante tempo que Denis Grachev não nos agraciava com um jogo para o ZX Spectrum. Mais precisamente desde Yazzie, que tão boas sensações nos tinha deixado. Também já sabemos que cada jogo deste programador brilhante, mesmo que seja um mini-jogo (“tiny”, como é aqui o caso), de imediato consegue cativar as pessoas (ainda não nos flagelámos o suficiente por não termos dado estatuto de Mega Jogo a Old Tower). Mas não é por ser pequeno que deixa de ser bom. Assim apesar de Tiny Dungeons ter apenas seis nÃveis, quem sabe abrindo a porta para no futuro termos uma expansão, com novos calabouços, está soberbamente implementado.
Tiny Dungeons: um jogo para Spectrum com um conceito pioneiro!
Tiny Dungeons fez-nos também lembrar um outro jogo que vem do Leste, Vradark’s Sphere. Não é de admirar, pois ambos vão beber muito da mecânica de Rogue. Clones de Rogue também há muitos, mas quer este último, quer Tiny Dungeons têm aquele toque que os faz sobressair de tudo o resto. Basta olhar para a forma como o nosso personagem (ou personagens, pois podemos controlar três) se move, ou todo o grafismo e os cenários criados por Grachev, com uma profusão de cores que faz irradiar vida por todo o lado.
Ao nÃvel da mecânica de jogo, esta não é muito diferente da existente em desafios do género.
A acção decorre por “turnos”. Assim, de cada vez que fazemos um movimento, se estivermos no ângulo de visão de um inimigo, este move-se um passo na nossa direcção. Alguns desses inimigos são mais lentos, o que quer dizer que podemos dar dois passos, enquanto o adversário apenas faz um.
Isso é extraordinariamente importante para definir a estratégia de ataque, pois temos possibilidade de dar dois golpes seguidos ou até de nos esquivarmos dos golpes do inimigo. Mas outros, mais perigosos, deslocam-se à nossa velocidade, o que quer dizer que vamos mesmo ter que entrar em confronto directo, seja a golpe de espada, e nesse caso temos que estar adjacentes ao adversário, seja através da magia, embora esta seja limitada. Felizmente que poderemos ir recarregando as forças e as poções ao longo dos labirÃnticos calabouços.
Mais para a frente vamos também encontrar alguns adversários com capacidade de nos atingirem com a sua magia, e apenas não são considerados como os mais perigosos, porque no último nÃvel vamos encontrar o Necromante. Para o derrotar, necessitamos de estar no máximo das nossas forças e estudar muito bem o movimento do enorme exército que envia no nosso encalço.
Pelo meio existem ainda chaves para apanhar, que permitem abrir novas salas, assim como alguns pontos de tele-transporte para outras salas.
Mas acima de tudo, há que escolher os momentos ideais para as batalhas, sendo que nos primeiros nÃveis temos possibilidade de escapar a alguns adversários sem entrar em confronto, sempre útil para não delapidarmos a nossa energia.
O grau de dificuldade é crescente, sendo os primeiros nÃveis relativamente fáceis de serem ultrapassados sem grandes danos. Embora comecemos apenas com um personagem, numa sala do primeiro nÃvel vamos encontrar os nossos parceiros de luta. Podemos depois escolhermos livremente aquele que queremos encarnar, sempre de acordo com as caracterÃsticas e capacidades de cada um. Estas são naturalmente diferentes entre cada personagem, sendo um mais forte em magia, outro no confronto directo e o último tendo maior resistência ou energia. Assim, até mesmo quando apanhamos os add-ons que se encontram espalhados pelos calabouços, devemos selecionar adequadamente quando os apanhar e por quem.
Não sendo Tiny Dungeons um jogo com um conceito pioneiro, o grafismo que lhe está associado tem laivos inteiramente inovadores. Torna-o como um dos desafios mais interessantes do género. Só é pena que os seis nÃveis se esgotem num ápice. Bem, num ápice não, pois derrotar o Necromante no último nÃvel não vai ser pêra-doce, não sendo exercÃcio indicado a um qualquer aprendiz de feiticeiro…
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