Há um spray nasal para a depressão e funciona em casos difíceis

Um spray nasal à base de cetamina é oficialmente a primeira e única terapia autónoma disponível para a depressão resistente ao tratamento. O melhor de tudo é que é eficaz sobretudo para aquelas pessoas para as quais os outros antidepressivos já não fazem nada.

A FDA aprovou pela primeira vez o medicamento da Johnson & Johnson, chamado Spravato (Escetamina). Isto para alguns casos de depressão em 2019. Mas só foi permitido ser prescrito juntamente com um antidepressivo oral.

Depois de analisar nada menos do que 31 ensaios clínicos dos últimos seis anos, incluindo um recente ensaio de fase 4, a agência decidiu agora que o spray Spravato pode ser utilizado sozinho.

Os pacientes elegíveis para o spray nasal para a depressão

Os pacientes elegíveis para o spray Spravato incluem adultos com depressão que tentaram pelo menos dois antidepressivos sem melhoria adequada dos sintomas, bem como aqueles com transtorno depressivo maior que têm pensamentos agudos de auto-agressão ou suicídio.

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Segundo algumas estimativas, um terço dos doentes com depressão não melhoram apenas com antidepressivos orais. Embora o Spravato não pareça funcionar para todas as pessoas, para alguns pode mudar a sua vida.

Ensaios clínicos de fase 4

Os ensaios clínicos de fase 4 realizam-se depois de um medicamento já ter chegado ao mercado para recolher ainda mais provas dos seus efeitos.

Em 2024, a Johnson & Johnson anunciou que o seu ensaio de fase 4 do Spravato como terapia autónoma não tinha revelado novas preocupações de segurança. Comparado com um spray placebo, o spray à base de cetamina pareceu ser eficaz, seguro e tolerável. Isto quando administrado duas vezes por semana como tratamento para a depressão resistente.

Em alguns pacientes, os sintomas foram aliviados logo 24 horas após a primeira pulverização. Quatro semanas após o início do ensaio, 22,5 por cento dos doentes que tomaram Spravato tinham atingido a remissão. Isto em comparação com apenas 7,6 por cento dos que tomaram o placebo.

A Johnson & Johnson informa que o Spravato já tratou mais de 100 mil doentes em 77 países em todo o mundo, incluindo cerca de 80 000 só nos EUA.

O ingrediente ativo do Spravato chama-se Escetamina e utiliza-se convencionalmente como anestésico.

Tanto a Escetamina como a cetamina, o seu composto de origem, revelam benefícios no tratamento de algumas formas de depressão. A Escetamina, no entanto, é duas a quatro vezes mais potente do que o seu parente. Isto significa que os doentes podem tomar uma dose mais baixa.

Embora ainda não seja claro por que razão qualquer um destes medicamentos funciona como antidepressivo, os cientistas sabem que actuam numa via que afecta o glutamato, que é o mensageiro químico mais abundante do cérebro.

Os antidepressivos convencionais, por sua vez, aumentam outros mensageiros químicos no cérebro, como a serotonina, a norepinefrina ou a dopamina.

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Um número substancial de pessoas com depressão, no entanto, não responde a estes medicamentos, e mesmo entre aqueles que respondem, os benefícios podem nem sempre ser significativos ou duradouros.

Ao contrário dos antidepressivos orais, alguns estudos em animais sugerem que a Escetamina pode mesmo ajudar o cérebro a formar novas ligações, protegendo contra a contração de volume associada à depressão.

Após uma pulverização de Spravato, os doentes sentem frequentemente sonolência. Também tonturas, problemas respiratórios ou sensações de desconexão, que tendem a atingir o pico aos 40 minutos e a desaparecer após cerca de duas horas. A pulverização pode também afetar o discernimento, o pensamento, a velocidade de reação e as capacidades motoras, o que significa que os doentes não devem utilizar máquinas até ao dia seguinte.

O Spravato não é perfeito, mas trata-se do primeiro medicamento novo para a depressão maior aprovado pela FDA nos Estados Unidos em décadas.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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