O estudo do envelhecimento em lémures durante a hibernação pode revelar estratégias inovadoras para promover o envelhecimento saudável em humanos. Investigadores das Universidades de Duke e da Califórnia, São Francisco, analisaram o comportamento do lémure anão de cauda gorda, um pequeno primata de Madagáscar que consegue desacelerar e até reverter temporariamente o envelhecimento celular durante a sua hibernação anual.
Um animal pode ter o segredo para reverter o envelhecimento
Esta capacidade está relacionada com os telómeros, estruturas protetoras nas extremidades dos cromossomas, que tendem a encurtar à medida que as células envelhecem. Durante a hibernação, ao contrário do esperado, os telómeros destes lémures não encurtaram; pelo contrário, alongaram-se, indicando um processo de rejuvenescimento celular temporário.
Durante a hibernação, os lémures diminuem drasticamente o seu metabolismo, reduzindo o batimento cardíaco e a frequência respiratória, permanecendo neste estado por até sete meses. O estudo revelou que este alongamento dos telómeros ocorreu principalmente nos animais que entraram em estados mais profundos de hibernação. Já aqueles que despertavam ocasionalmente para se alimentar mantiveram os seus telómeros estáveis.
Após o término da hibernação, os telómeros regressaram ao comprimento inicial. Isto sugere que esta estratégia serve para proteger as células durante as fases metabólicas extremas associadas ao despertar periódico.
Os investigadores sugerem que compreender este mecanismo poderá ajudar a desenvolver novos tratamentos para doenças relacionadas com a idade em humanos. Tudo potencialmente sem o risco acrescido de divisão celular descontrolada associada ao cancro.
Curiosamente, estes lémures vivem quase o dobro do tempo de outros primatas de tamanho semelhante, podendo alcançar quase 30 anos, o que reforça o interesse científico na relação entre hibernação, reparação de telómeros e longevidade.