Wood-wide web: a rede de comunicação secreta entre plantas!

Foi em 1997 e mais concretamente na revista Nature que se falou, pela primeira vez, do termo wood-wide web. Na prática uma rede de comunicação de plantas. Foi algo muito interessante mas afinal esta rede de comunicação secreta entre plantas pode ser mais perigosa do que se pensava. De facto, pode mesmo ser utilizada para sabotagem.

Uma rede de comunicação entre plantas muito eficaz

As plantas podem enviar e receber sinais químicos, com a ajuda das redes de fungos que ligam as suas raízes debaixo do solo. Este fenómeno foi descrito pela ecologista Suzanne Simard e seus colegas há quase três décadas.

Como tudo funciona

Quando uma lagarta dá uma dentada numa folha de tomate, por exemplo, os cientistas observaram que uma planta vizinha, ligada à primeira por uma rede aumenta a produção das enzimas repelentes de insectos do seu arsenal genético.

É fácil supor que a planta atacada está a emitir ativamente um sinal de alerta para as suas vizinhas, como uma personagem de um filme de terror presa numa armadilha. É assim que muitos têm interpretado este fenómeno.

Mas um trio de biólogos da Universidade de Oxford e da Vrije Universiteit Amsterdam (VU) suspeita que esta visão da comunicação das plantas pode ser demasiado cor-de-rosa.

wood-wide web: a rede de comunicação secreta entre plantas!

“A questão é se as plantas estão ativamente a enviar sinais para se avisarem umas às outras. Talvez, tal como as vizinhas coscuvilheiras, uma planta esteja simplesmente a escutar a outra.”

A equipa utilizou modelos matemáticos para analisar os possíveis factores evolutivos do suposto sistema de sinais de aviso.

Faz sentido que as plantas evoluam no sentido de detetar sinais de sofrimento entre os seus parentes e responder com defesas. A capacidade física para o fazer ajuda-as a evitar o seu próprio ataque de lagartas antes mesmo de este acontecer.

Mas a planta que emite esse sinal não beneficia necessariamente desta interação

A modelação da equipa mostrou que dar aos seus vizinhos essa vantagem pode, na verdade, fazer mais mal do que bem à planta.

Na verdade, é mais provável que a seleção leve o comportamento das plantas na direção oposta – com as plantas a sinalizarem desonestamente um ataque que não ocorreu, ou a suprimirem uma pista de que foram atacadas”, escrevem os autores.

“Por exemplo, as plantas podem sinalizar que está a ocorrer um ataque de herbívoros, mesmo quando não há herbívoros presentes”, diz Thomas Scott, teórico da evolução da Universidade de Oxford.

“As plantas podem beneficiar de uma sinalização desonesta porque prejudica os seus concorrentes locais, induzindo-os a investir em mecanismos dispendiosos de defesa contra herbívoros.”

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De qualquer forma, continuamos a ver exemplos do que é frequentemente interpretado como “sinalização honesta” uma e outra vez no mundo das plantas. Com base nos seus modelos, os autores argumentam que deve haver algum outro benefício evolutivo, para além do altruísmo, em jogo.

Uma opção é o facto de ser demasiado difícil para uma planta silenciar o grito químico que, inadvertidamente, avisa os seus vizinhos do ataque em curso.

“Por exemplo, na natureza, pode ser demasiado dispendioso ou mesmo impossível suprimir todas as pistas de ataque de herbívoros. Isto dado o grande volume e diversidade dessas pistas, passadas através do ar ou de redes de fungos”, escrevem os autores.

Entretanto outra opção é que os fungos – e não as plantas – estão a enviar os sinais de aviso. Ou seja, puxando a alavanca numa espécie de problema de carrinho subterrâneo. Têm todo o interesse em assegurar a sobrevivência do maior número possível de plantas hospedeiras, em vez de protegerem apenas uma.

Seja como for não deixa de ser algo muito interessante.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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