A partir do dia 1 de maio, os clientes da MEO, NOS e Vodafone vão deixar de levar com publicidade antes das gravações automáticas nas suas boxes. Uma medida que, à primeira vista, até parece um ato de respeito para com o consumidor. Mas vamos ser claros: isto só acontece porque foram obrigados.
Ou seja, a Autoridade da Concorrência (AdC) emitiu uma nota de ilicitude a considerar que esta prática é pura e simplesmente ilegal. Por isso, claro, perante a pressão e o cenário previsível de sanções, os operadores recuaram na sua estratégia.
Uma prática abusiva desde o início!
Colocar publicidade antes de uma gravação automática é uma daquelas ideias que parece vinda diretamente do inferno corporativo.
Os operadores estavam a transformar uma funcionalidade básica, e muito bem vinda, num momento de tortura publicitária, obrigando os utilizadores a assistir a 30 segundos de anúncios inultrapassáveis.
Tudo isto depois de já pagarem pelo serviço, e de já levarem com publicidade nos próprios canais. Ou seja, os clientes estavam a pagar para ver publicidade.
A desculpa? Uma suposta modernização dos modelos de negócio, inspirada em plataformas como o YouTube. Mas, aqui há uma coisa muito interessante… O YouTube é uma plataforma gratuita que depende dos anúncios para sobreviver. Comparar uma box paga de TV por subscrição a um serviço gratuito suportado por anúncios é, no mínimo, ridículo.
Já não é a primeira vez
Esta novela tem capítulos anteriores. Em 2021, a AdC já tinha acusado as operadoras de práticas anticoncorrenciais, devido a um acordo que obrigava os clientes a ver publicidade como condição de acesso às gravações automáticas. Na altura, também houve recuos temporários… mas, pelos vistos, tentaram voltar à carga.
Agora, com esta nova nota de ilicitude, a pressão voltou a subir. E a partir de maio, a publicidade pré-gravação desaparece.
Conclusão
O mais frustrante? Não foi o bom senso a vencer. Foi o medo de uma multa. Triste, porque isso diz muito sobre a forma como os operadores olham para os seus clientes: como números, não como pessoas.
Ainda assim, é uma vitória. Pequena, mas importante. Porque mostra que, com pressão, fiscalização e alguma indignação pública, ainda se consegue fazer frente a práticas abusivas no mercado Nacional.