Durante séculos, o visco simbolizou o amor, a paz e a cura, tornando-se uma parte das tradições natalícias. Mas para além desta reputação, esta planta de Natal tem uma história científica notável – uma história que oferece esperança na luta contra o cancro.
O visco europeu (nome latino Viscum album) é apreciado há mais de 2000 anos, especialmente pelos seus benefícios medicinais. Muitas das suas utilizações, como o tratamento da diabetes, da dor, da inflamação, dos batimentos cardíacos irregulares e da hipertensão arterial, foram reconhecidas na medicina tradicional da Europa, Ásia e África e ainda hoje se utilizam em alguns países.
É também famoso como símbolo de boa sorte e prosperidade.
O visco tem uma propriedade curativa surpreendentemente poderosa
O visco trata-se de uma fonte de muitos compostos considerados como possuidores de propriedades medicinais. Entretanto também contém proteínas chamadas lectinas, que se ligam a hidratos de carbono nas células e ajudam as células a comunicar umas com as outras.
Algumas galectinas ajudam os tumores a escapar à deteção imunitária, enquanto outras apoiam o crescimento e a disseminação das células cancerígenas. Estas capacidades fazem das galectinas uma faca de dois gumes na saúde e na doença.
É aqui que o visco se torna um herói inesperado. Os cientistas descobriram que os extractos de visco podem estimular o sistema imunitário, encorajando-o a reconhecer e a destruir as células cancerígenas.
Como um aliado numa batalha, activam células imunitárias chave para combater o cancro de forma mais eficaz. Este efeito de reforço imunitário é particularmente valioso nos casos em que o cancro enfraquece as defesas do organismo.
Ainda mais notável é a capacidade do visco de induzir a apoptose, a autodestruição programada das células. As células cancerosas evitam frequentemente este processo, que é crucial para manter o crescimento celular sob controlo.
As lectinas do visco parecem visar seletivamente as células cancerosas, desencadeando a sua morte e poupando os tecidos saudáveis. Esta precisão faz do visco um candidato interessante para a terapia do cancro contra uma série de alvos.
Terapias antigas e novas
Na Europa, os extractos de visco utilizam-se há cerca de um século como tratamentos complementares do cancro. O que torna o visco especialmente interessante é o seu potencial papel na terapia integrativa do cancro.
Os cientistas estão a explorar a forma como os seus extractos podem funcionar em conjunto com tratamentos emergentes como a imunoterapia, que também visa reforçar a resposta imunitária do organismo. Esta fusão entre a natureza e a ciência moderna pode abrir novas possibilidades na luta contra o cancro, tornando o visco um símbolo de esperança em mais do que um sentido.
É realmente uma planta de Natal muito curiosa!