Hoje em dia, é muito provável que já não use ferramentas como o eMule, BitTorrent, ou vá a sites como o Pirate Bay, ou o MrPiracy, para ter acesso a séries, filmes ou jogos.
Afinal de contas, nos tempos que correm, é muito mais fácil ter acesso a este tipo de conteúdo, com os cada vez mais populares serviços de subscrição, como a Netflix, a Disney+, ou tenha acesso a descontos em videojogos, graças à muitas plataformas focadas nesse mercado.
Mas se por acaso pensava que ser pirata era (apenas) isto, estava muito enganado!
A utilização de apps modificadas como o YouTube Vanced, YouTube Music Vanced, Spotify+, etc… Ou ver jogos de futebol do seu clube favorito, em sites ‘manhosos’, ou plataformas IPTV pouco ou nada legais, também são exemplos de pirataria de conteúdo multimédia.
Ou seja, na verdade, você nunca deixou de ser pirata. Isso sempre esteve dentro da sua alma! Contudo, além desse facto, a verdade é que a pirataria ‘old school’ também pode estar de regresso.
(Especial) Pirataria é mais do ‘sacar’ jogos ou filmes!
Sou sincero, no passado, também eu naveguei os mares da Internet com um chapéu de pirata na cabeça. Belos tempos, em que tudo parecia mais simples, e claro, bem mais barato.
Hoje em dia, talvez por falta de paciência, ou pela facilidade com que temos acesso a conteúdo multimédia, optei por guardar o velho chapéu no sótão, e pagar pelo acesso ao conteúdo que realmente quero ver. No entanto, deixar de sacar ‘coisas’ na Internet, não significa que deixei de ser um pirata. Ao fim ao cabo, também sou um fã do YouTube Vanced, e claro, ferramentas similares.
Mas vamos falar deste tema por partes, para ser mais fácil perceber o que está a acontecer. É que neste momento, estamos a passar por uma fase de transição extremamente interessante, e que pode muito bem definir os próximos anos do mundo do consumo de conteúdo audiovisual.
No início dos tempos das ‘piratices‘, os utilizadores apenas queriam ter acesso a música, que nem sempre era fácil de arranjar, os muito populares ficheiros .mp3. Estamos a falar de alturas em que podia sacar uma única música, em vez de ter de comprar um álbum inteiro, em serviços como o e-Mule, o Napster ou o Limewire.
Aliás, é inegável que este tipo de prática, fez com que o mundo da música mudasse para sempre. Afinal, é muito provável que nunca existisse um Spotify, ou Tidal, se não tivesse existido a loucura da partilha de músicas, nos anos 90 e anos 2000.
Entretanto, com o melhorar das redes de partilha, e aumento da velocidade da Internet nos domicílios, a prática de partilha de ficheiros .mp3, rapidamente passou para séries, filmes, jogos, software de computador, etc… Sendo também nesta altura, por volta do fim dos anos 90, que nasceu a luta contra a pirataria.
Obviamente, durante muitos anos, a luta contra a pirataria sempre pareceu incapaz de lidar com o tamanho puro e duro do fenómeno. Durante muitos anos, os piratas nunca pareceram ter medo das autoridades, algo que curiosamente veio a mudar nos últimos anos. Como veio provar o desaparecimento do MrPiracy em Portugal.
Entretanto, aconteceu uma outra coisa extremamente importante, que acaba por ser chave neste tema. O aparecimento da Netflix, e a disseminação dos serviços de subscrição!
Faz ideia de quando começou a Netflix? Pelo menos da forma como a conhecemos agora, como um serviço de streaming pela Internet?
Pois bem, foi em 2007, que a troco de uma mensalidade, era possível ter acesso a conteúdo selecionado, através de uma ligação à web.
Isto é importante porquê? Bem, de forma bem curiosa, podemos dizer que a Netflix “quase matou” a pirataria!
As autoridades não conseguiam meter mão nos piratas, e meter um travão na pirataria de conteúdo multimédia. Mas sabe o que conseguiu? Oferecer conteúdo de qualidade, a um preço justo.
Foi com este sucesso que demos as boas vindas a outros serviços rivais, como o Disney+, o Amazon Prime, o Crunchyroll, o HBO Max, entre outros. Ao Spotify, Deezer, YouTube Music, num mundo da música. E claro, ao Xbox Game Pass, e PS Plus Premium, no lado dos videojogos.
Mas também foi aqui que as coisas começaram a desmoronar.
Ao fim ao cabo, enquanto os serviços de música, batalham entre si, enquanto oferecem uma biblioteca muito similar, os serviços de subscrição como a Netflix, HBO, Disney+, etc… Já não usam esses mesmos moldes, apostando forte e feio na exclusividade deste mesmo conteúdo.
Afinal de contas, se quiser ouvir uma música de System of a Down, vai conseguir fazê-lo em qualquer plataforma. Mas, no outro lado da barricada, se por acaso quiser ver Stranger Things? Tem de ter Netflix. Quer ver Harry Potter? Tem de ter o HBO Max. Quer ver todos os filmes da Marvel? Ora toca de pagar o Disney+.
Pois bem, a Pirataria é um fenómeno que depende de muita coisa.
Se existir estabilidade, e existir um bom equilíbrio entre preços e número de serviços disponíveis. Tudo bem. No entanto, se começa a existir um desiquilíbrio nesta balança, rapidamente vemos o reaparecimento de chapéus de pirata no alto mar.
Para exemplificar tudo isto, basta olhar para pandemia global de COVID-19, que criou uma incerteza financeira, e aumento da inflação. Temos também o exemplo da guerra na Europa, que também vai trazer mais sal para a ferida que a pandemia provocou.
Como não poderia deixar de ser, posteriormente, temos também a ganância destes mesmos serviços, que supostamente, deveriam ser parte da solução.
Os direitos de autor, fazem com que existam bloqueios regionais. Fazem com que o conteúdo ande a saltar de plataformas. O que por sua vez, significa que em vez de um único serviço de subscrição, seja necessário pagar 2 ou 3 serviços diferentes, para ter acesso ao mesmo exato conteúdo que tínhamos na palma da nossa mão.
Isto já para não falar do aumento de preço destas mesmas subscrições, como temos agora o exemplo da Netflix. Aliás, nem podemos falar apenas do aumento de preço, mas também no aumento nas restrições no uso de cada conta. (Tentativa de bloquear a partilha de contas, ao pedir mais dinheiro por isso).
Curiosamente, a Netflix não está sozinha neste barco!
A grande maioria dos serviços aumentou os preços em 2021, e está a pensar voltar a fazê-lo em 2022.
A pandemia atirou toda a gente para casa, e por isso mesmo, o consumo de conteúdo aumentou de forma explosiva. Uma mina de ouro para estas empresas, que agora estão a tentar o tudo por tudo para continuar a crescer, ou manter os subscritores dos tempos do confinamento.
Em suma, a Pirataria está de volta! Contudo, sendo muito sincero, ela nunca nos abandonou.
Além da fadiga de subscrições, devido ao facto de estarem cada vez mais caras, e numerosas, o mercado está a falhar no que mais importa.
Afinal de contas, existe uma solução para a Pirataria! Sabe qual é? É oferecer um serviço melhor, relativamente aquilo que os piratas têm para oferecer.
É que enquanto no início, os serviços de subscrição ofereceram uma solução, ao acabar com o problema da subscrição de canais premium, e aluguer de filmes, agora apresentam uma mão cheia de dificuldades. Ao obrigarem ao gasto de mais dinheiro, em plataformas diferentes, onde por vezes… Já nem queremos saber do resto do conteúdo que por lá se encontra.
Por isso, é apenas uma questão de tempo até a pirataria voltar, em força.
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