É uma descoberta no mínimo preocupante. Um estudo analisou a forma como impactos repetidos na cabeça podem resultar em lesões cerebrais a longo prazo. Para além disso explorou potenciais tratamentos e medidas preventivas que podem alterar o resultado. Mas afinal que tipo de pancadas e quantas são necessárias?
Quem faz desporto, sobretudo alguns como o baseball e não só, está sujeito a isto. Muitas vezes, os jogadores conseguem manter-se em jogo a curto prazo, mas o que é que estes golpes repetidos na cabeça significam para a sua saúde cerebral a longo prazo?
O efeito das pancadas na cabeça
A investigação sobre as concussões introduziu protocolos que estão a mudar o panorama dos desportos de contacto. Estes vão desde os atletas profissionais que seguem protocolos de regresso ao jogo em várias etapas até aos jogadores de futebol juvenil que estão proibidos de cabecear a bola até aos 11 anos de idade. É do conhecimento geral que uma concussão requer tratamento e cuidados, tal como uma entorse grave ou um osso partido. Mas o que é que acontece quando alguém bate com a cabeça uma, duas ou várias vezes – sem quaisquer sinais óbvios de lesão?
Jeff Bazarian, professor de Medicina de Emergência e Neurologia no Centro Médico da Universidade de Rochester, cuja pesquisa transformou o que sabemos sobre concussões, acredita que esses golpes repetidos na cabeça são um perigo silencioso. Cada pancada pode agravar a anterior, por vezes sem sintomas que alertem para uma lesão crescente.
Quando a profissão ou a atividade de uma pessoa a expõe a golpes repetidos na cabeça – como os militares ou os atletas – pode sofrer declínios subtis na função neurológica, como o equilíbrio, os movimentos oculares e a tomada de decisões rápidas. Estes declínios na função neurológica não são atualmente detectáveis por um médico, mas podem prejudicar o desempenho atlético ou militar e aumentar o risco de sofrer outras lesões. A longo prazo, estes golpes repetidos na cabeça podem contribuir para o desenvolvimento de doenças ou perturbações neurodegenerativas graves. No entanto, ao contrário das concussões, não existe atualmente um padrão de cuidados para rastrear, prevenir ou tratar estes golpes. Isto porque ainda há muito a aprender sobre eles.
Quantas pancadas são demasiadas?
Existe um limite de pancadas na cabeça que um jogador pode suportar e manter-se saudável? Ou será que tem menos a ver com o número de pancadas e mais com o intervalo de tempo entre elas? Utilizando uma máquina de cabecear bolas de futebol, os investigadores vão acompanhar de perto os participantes que cabeceiam a bola. Isto em sessões diárias e comparar os que têm dias de folga entre as sessões de cabecear.
Os investigadores vão também investigar se existe um limite para o número de pancadas na cabeça que o cérebro pode suportar antes de surgirem anomalias. Utilizando um modelo animal, os co-investigadores do estudo do Boston Children’s Hospital tentarão perceber se existe um número limite de pancadas abaixo do qual não há lesões cerebrais demonstráveis, ou se todas as pancadas são prejudiciais.