Já repararam que na realidade não somos “donos” de muito do conteúdo que compramos em formato digital? Especialmente quando se trata dos cada vez mais caros videojogos? Parece ridículo, mas é uma realidade para a qual já estamos a caminhar há algum tempo!
Aliás, se formos a pensar bem no assunto, quando foi a última vez que o leitor comprou um jogo em formato físico? Eu falo por mim, diria que 90% dos jogos que tenho hoje em dia existem apenas em formato digital.
O perigo das bibliotecas de jogos virtuais é real!
Pois bem, isto acaba por acontecer porque não só é mais prático comprar um jogo na Steam ou na PS Store, como também é onde podemos, no geral, apanhar as melhores promoções! (Isto é principalmente verdade na Steam e Epic Games Store).
Na teoria, não deveria de existir qualquer problema com este sistema. Porém, na prática, o que acontece é que estamos completamente à mercê destas empresas às quais já demos bastante dinheiro.
Faço-lhe algumas perguntas:
- Quantos jogos tem na Steam?
- Quanto dinheiro gastou para adquirir esses jogos?
Imagine agora que a Valve, a Epic, ou qualquer outra plataforma deste estilo vai à falência e os servidores são desligados… É simples! Pode dizer adeus a todo esse investimento.
Gostamos de pensar que estamos seguros porque “é impossível estas empresas tão grandes irem à falência”. Será? É que por vezes a coisa não depende da empresa em sim, mas apenas e só da rentabilidade do serviço ou produto. Afinal, quem se lembra do Google Stadia? A tentativa da Google em 2019 de lançar um serviço de jogos exclusivo ao mundo do streaming?
A premissa era simples, apenas necessitávamos de um comando Stadia, ou comando compatível com o serviço, e podíamos comprar e jogar todo e qualquer jogo de última geração sem qualquer gasto a nível de hardware pois seriam os servidores da Google a tratar do poder de processamento.
Pois bem, o serviço encerrou em 2023 devido a mostrar-se um fracasso a nível financeiro. A GOOGLE, uma empresa que gera “pouco” dinheiro anualmente (76,7 mil milhões de dolares no Q3 2023), encerrou o seu serviço de gaming por ser pouco lucrativo.
Agora, para ser justo, a Google mostrou-se ser uma empresa de princípios pois reembolsou o dinheiro que os jogadores gastaram ao longo dos anos em jogos que já não tinham qualquer forma de voltar a aceder.
Porém, o mesmo não pode ser dito da Ubisoft (chocante… right?).
Recentemente, o diretor de subscrições da Ubisoft, Philippe Tremblay, disse o seguinte numa entrevista:
- “Uma das coisas que vimos e já percebemos é que os jogadores estão acostumados, um pouco como o DVD, a ter e possuir (fisicamente) os seus jogos. Isso tem de mudar.” Especialmente porque já aconteceu no lado da música, séries e filmes. Essa transformação tem de acontecer nos jogos.”
- Tradução Pura e Crua: O consumidor tem de ficar confortável com o facto de pagar 70 ou 80 euros por um jogo que de um dia para o outro desaparece algures no éter sem qualquer tipo de reembolso ou justificação.
Por enquanto a Ubisoft “apenas” barrou o nosso acesso a qualquer DLC que tenhamos adquirido para jogos mais antigos (Assassin’s Creed Brotherhood, por exemplo), o que por si já é inaceitável pois pagámos por estes produtos. Mas não se deixe enganar, isto é, por enquanto, um “testar das águas”. Por isso, se estas empresas não forem responsabilizadas agora, daqui a uns tempos vamos ter um grande desgosto.
Muito sinceramente preocupa-me o rumo que esta industria está a tomar. Infelizmente é inevitável, porém a lei tem de acompanhar estas mudanças, ou seja, o consumidor tem de estar mais protegido nestas situações. Não podemos estar apenas dependentes da boa vontade de corporações que, no final do dia, apenas estão preocupadas com o seu “bottom line”.
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