A Itália lançou a sua ambiciosa plataforma “Piracy Shield” no início de 2024. Isto na esperança de finalmente travar a pirataria desenfreada de eventos desportivos em direto. Ao longo do ano, o sistema teve como alvo principal os domínios e endereços IP utilizados pelos fornecedores piratas de IPTV para transmitir conteúdos ilegais. Os dados oficiais disponibilizados ao público são limitados, mas com a ajuda dos dados fornecidos por uma fonte anónima, o site torrentfreak identificou as principais tendências de um ano muito controverso. Para além disso foram revelados no campo da IPTV, os países mais bloqueados pelo escudo anti-pirataria.
O último quarto de século teve sempre um enorme problema de pirataria. Só quando nos concentramos num aspeto relativamente pequeno do mercado da pirataria e depois paramos para olhar para cima é que a verdadeira escala se torna evidente.
Quando a Itália lançou oficialmente a sua plataforma Piracy Shield a 1 de fevereiro de 2024, o objetivo declarado era eliminar a pirataria de IPTV no seu território. Quase literalmente, ao que parece, uma vez que a maioria dos bloqueios em 2024 foi efetuada por organismos de radiodifusão como a DAZN e a Sky, para proteger a Serie A, a liga de futebol de topo.
Os últimos onze meses foram repletos de polémicas. A Cloudflare e a Google visaram-se injustamente, uma vez que o entusiasmo pela prevenção da pirataria se sobrepôs aos interesses dos utilizadores da Internet. Entretanto a transparência anteriormente prometida deu lugar a uma quase total desresponsabilização.
IPTV: o estado dos bloqueados em 2024
A entidade reguladora das telecomunicações, AGCOM, publicou o seu relatório anual de 2024. No que respeita ao Escudo Antipirataria, é pouco esclarecedor. O relatório indica que, de 1 de fevereiro a 26 de maio de 2024, os titulares de direitos solicitaram e obtiveram 13 medidas cautelares relativas à transmissão ilícita de desportos em direto.
No mesmo período, 18.879 nomes de domínio totalmente qualificados (FQDN) e 4.006 endereços IP foram bloqueados pelo Piracy Shield.
Os dados fornecidos ao TorrentFreak por uma fonte anónima são mais abrangentes. Os dados dizem incluir todos os endereços IP bloqueados pelo sistema até poucos dias atrás, mais de 6900 no total.
O número de nomes de domínio totalmente qualificados, ou seja, nomes de domínio e todos os subdomínios onde eles existem, é significativamente maior, quase 17500.
Usando as ferramentas de geo-localização fornecidas pelo ipinfo.io, é imediatamente evidente que os servidores localizados na própria Europa representam a maioria dos endereços IP bloqueados pelo Escudo Antipirataria.
As razões para tal incluem a preferência por centros de dados locais com base no desempenho. Também a distribuição subsequente de fluxos para utilização por fornecedores locais. Para além disso, em teoria, um risco reduzido de os endereços IP acabarem na lista de bloqueio de Itália e noutros locais da Europa. O sucesso a este respeito parece irregular.
Mais perto da Itália, os endereços IP foram bloqueados em quase todos os países da Europa. Isto com a ausência notável da Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia e Grécia.
Entretanto os vizinhos do norte de Itália parecem estar entre os que causam mais dores de cabeça ao país.
Os países que mais exportam conteúdos piratas
Considerando que a Holanda, a Alemanha e a França estabeleceram programas domésticos de bloqueio de sites, é notável que estes países estejam entre os principais exportadores de conteúdos piratas. Dito isto, o facto de a Holanda aparecer no topo da lista não é uma surpresa. Em termos gerais de pirataria online, pouco mudou em 20 anos, exceto o método utilizado para distribuir os conteúdos.
No centro da Europa, a Alemanha, em segundo lugar, também não é um grande choque. No entanto, tendo em conta as atitudes em relação aos direitos de autor no resto da UE, outros locais poderão ser uma escolha mais lógica, se não menos prática, o mesmo se aplicando à França. A posição da Roménia parece ser a mais correta. O país sempre teve uma excelente Internet. Também é conhecido por ser favorecido por alguns fornecedores e os titulares de direitos continuam a queixar-se das opções de aplicação da lei.
Entretanto, os 10 principais países bloqueados pelo Escudo contra a Pirataria a nível mundial em 2024 no que diz respeito à IPTV (apenas endereços IP)
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