O título não é 100% verdade, porque de facto existe procura para um iPhone mais barato mas nem por isso muito menos poderoso face à versão base da geração mais recente. Mas, o iPhone 16e não é isso. Ou pelo menos não é aquilo que deveria ser, tendo em conta o preço que a Apple escolheu para o seu lançamento.
Vamos analisar a coisa?
iPhone 16e: O smartphone que ninguém pediu?
Portanto, já passou cerca de um mês desde que a Apple lançou o seu mais recente iPhone, o iPhone 16e.
Inicialmente esperei grandes coisas, naquilo que poderia ser um iPhone capaz de fazer dano à gama-média Android, ao mesmo tempo que também dava um grande safanão aos mercados paralelos de recondicionados e usados.
Mas, acabei por não Ter uma opinião positiva sobre o aparelho… Ainda assim, quis dar algum tempo para que as coisas assentassem antes de escrever este artigo. Agora que já passou algum tempo, não consigo evitar a pergunta: quem é que pediu este iPhone?
Esta aposta da Apple é… estranha, de tantas maneiras que até me pergunto: porquê? Qual é o propósito disto? Não é uma resposta simples, mas vamos lá desmontar esta confusão e perceber porque é que este smartphone não devia existir… pelo menos neste formato.
A Apple precisava de um sucessor para o iPhone SE 3, mas…
Sim, a Apple precisava de um sucessor para o iPhone SE 3.
É um telemóvel de 2022 baseado num design completamente obsoleto, e cheio de compromissos. Desta vez, a Apple não podia simplesmente repetir o design do iPhone 8, que já estava ultrapassado em 2022, quanto mais em 2025. Com uma bateria minúscula, bezels gigantes e um botão Home, já não havia espaço para mais do mesmo.
Um novo design era necessário e esperado. Até aqui, tudo bem.
O regresso do notch… porquê?!
O design é o que menos me incomoda. É semelhante ao do iPhone 16, com um ecrã de 6.1 polegadas, um tamanho que agrada a muitos utilizadores. As laterais são planas, tal como nos modelos atuais da Apple. Não há muito a criticar neste aspeto, pois encaixa no alinhamento atual da marca.
Mas… e aquele notch? O iPhone 16e mantém um notch em vez da Dynamic Island, algo que já devia ter sido enterrado há anos. Basicamente, este smartphone parece um iPhone 14 reciclado, e ao lado dos modelos mais modernos da Apple parece completamente ultrapassado. Será que foi de propósito? Para o diferenciar dos restantes? Se foi, não foi uma boa decisão.
Além disso, há apenas uma câmara na traseira, outro fator de diferenciação. Todos os iPhones modernos têm pelo menos duas câmaras, mas a Apple decidiu cortar ainda mais neste modelo. Vamos falar disso.
Uma câmara de 48 MP. Igual às outras de 48MP dos restantes iPhones? Não… É inferior!
A inclusão de apenas uma câmara traseira até poderia fazer sentido. Este é um modelo mais acessível, então cortar na câmara ultra grande-angular parece razoável. Mas o problema está na qualidade da câmara principal.
Sim, tem 48 MP, mas não é a mesma do iPhone 16. O sensor do iPhone 16e é um 1/2.55 polegadas, enquanto o do iPhone 16 é um 1/1.56 polegadas. A diferença é gritante, especialmente em condições de pouca luz. A Apple bem que podia ter colocado o mesmo sensor do iPhone 16, mas decidiu não o fazer. E como se não bastasse, também cortou em funcionalidades.
Recursos como os Next-gen Portraits com Focus Control e os Photographic Styles da série iPhone 16 ficaram de fora. Porquê? Porque sim.
O processador A18 é o mesmo. Não. Outro nerf.
Olhando para as especificações, o iPhone 16e parece ter o mesmo processador do iPhone 16, o A18. Mas atenção: é uma versão inferior! Tem menos um núcleo de GPU, o que pode não fazer uma grande diferença no dia a dia, mas em jogos mais exigentes vai notar-se. Era mesmo preciso cortar aqui também?
O ecrã perdeu brilho
O iPhone 16e tem um ecrã OLED Super Retina XDR com HDR10 e um design semelhante ao do iPhone 16. Parece bom, certo? Sim, mas a Apple decidiu reduzir o brilho máximo. Em ambientes muito iluminados, a diferença para o iPhone 16 é notória. Até smartphones Android baratos têm ecrãs mais brilhantes. Mais um corte desnecessário.
Nada de MagSafe, carregamento lento
Outro erro crasso: sem MagSafe. A Apple já habituou os utilizadores a este sistema desde o iPhone 12. Há centenas de acessórios compatíveis, desde capas a carregadores e suportes. Mas, por razões, o iPhone 16e não suporta MagSafe.
Como se isso não fosse suficiente, como consequência, o carregamento sem fios também foi limitado. Enquanto os outros modelos suportam 25W sem fios, o iPhone 16e está limitado a míseros 7.5W com Qi. Nem sequer suporta Qi2 a 15W. Ou seja, mais um corte artificial.
O preço ridículo
Se tudo isto viesse acompanhado de um preço justo, até se podia compreender. Mas não. São 739€. Nem 600€ seriam fáceis de justificar, quanto mais isto.
Por este valor, há opções muito melhores. Quem quiser um iPhone pode comprar um modelo mais antigo com melhores especificações. Quem não se importa de usar Android, tem smartphones que oferecem muito mais por menos dinheiro.
O verdadeiro motivo: testar o modem 5G da Apple!
A teoria mais forte para a existência deste modelo é que serve como cobaia para o primeiro modem 5G feito pela Apple, o Apple C1. Parece que a Apple criou este iPhone para testar o novo modem sem arriscar nos modelos premium.
Seja como for, o preço não se justifica. O iPhone 16e devia pelo menos ter a mesma câmara do iPhone 16 e suporte para MagSafe. Assim, temos um iPhone descaracterizado e sem grandes argumentos. Mas como sempre, sendo a Apple, este iPhone pode acabar por encontrar o seu público. Para já, as primeiras impressões não são boas.