Porque é que a Intel está a ter dificuldades com a AMD? – Ainda se lembra, há cerca de pouco mais de 2 anos, quando a AMD lançou os seus primeiros processadores Ryzen, baseados na arquitetura Zen? Uma altura em que vários entusiastas e especialistas, perguntaram a si mesmos, se aquele seria um momento de viragem… Do regresso da AMD!
Mas em boa verdade, poucos acreditavam nisto… Afinal de contas, a Intel era (e é) uma empresa gigantesca, tinha uma vantagem bastante grande no IPC, e recursos até dizer chega.
Contudo, estamos agora em 2019, e pelos vistos, o ditado “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” é mesmo verdadeiro! A Intel está a ter dificuldades com a AMD, mas porquê?
Como é que a AMD se tornou uma ameaça para a Intel?
Caso não saiba, a AMD foi obrigada a optar por uma estratégia um pouco complicada, devido às suas dificuldades financeiras.
Lançando produtos com um grande foco na performance/preço, em vez de apostar no desenvolvimento de novas arquiteturas. Por isso, durante vários anos, a empresa foi incapaz de competir em performance, tanto no lado dos processadores, como no lado das placas gráficas. Baixando significativamente o preço dos seus produtos.
Em contraste, a Intel começou a subir os seus preços, por não ter qualquer concorrência no mercado! Isto, ao mesmo tempo, que começou a desinvestir no desenvolvimento de novas arquiteturas. Apostando apenas em pequenas atualizações, com um pequeno aumento de performance ou IPC entre gerações.
Mas tudo isto mudou com o lançamento dos primeiros processadores AMD Ryzen
No entanto, estes processadores não eram capazes de competir ‘núcleo vs núcleo’ com os processadores da Intel. Aqui, a gigante azul ainda tinha o trono da performance, e a AMD sabia disso.
Por isso, a olhar para o futuro, e para poupar dinheiro na pesquisa e desenvolvimento, a AMD apostou num design modular. Que podia ser escalonado de forma super fácil, e que além da poupança no desenvolvimento, também poupava na produção, devido ao uso de chiplets, em vez da criação de chips mais complexos.
Portanto, foi aqui que entrámos numa guerra de núcleos e dos preços!
Algo que a Intel não estava à espera! Afinal, como deve saber, até à 7ª geração Intel Core, os processadores topo de gama, apenas tinham 4 núcleos físicos! Assim, quando a AMD entra no mercado, com processadores super baratos, e um excelente multi-tasking… Os consumidores começaram a perceber, que se calhar, valia a pena perder alguma performance, se com isso, conseguissem poupar alguns trocos.
Assim, logo na primeira geração, os Ryzen 1500X e 1600, foram os processadores no mercado, que ofereciam mais performance, por cada euro gasto.
Mas calma… O sucesso da AMD, também se deve a uma série de azares, no lado da Intel! Nomeadamente, o atraso no processo de 10nm, bem como, as muito recentes vulnerabilidades, que curiosamente apenas afetam os processadores Intel Core.
Mas porque é que interessam os 10nm?
Muito resumidamente, quando falamos em ‘nm’ ou nanómetros, estamos a falar do tamanho físico dos transistores que constituem a ‘die’ do processador. Ou seja, quanto menor for este número, em teoria, maior será a performance e eficiência do CPU.
Dito isto, enquanto a AMD conseguiu passar para processos de fabrico cada vez mais baixos, a Intel continua nos 14nm!
É que a AMD contrata uma empresa de fora, para fabricar os seus produtos, a TSMC.
Que além de produzir componentes AMD, também fabrica para a Qualcomm, Huawei, Apple, etc… Já no lado da Intel, que tem as suas próprias linhas, a empresa é obrigada a desenrascar-se sozinha.
Mas atenção, no caso da Intel, o nome dos seus processos, não corresponde bem à densidade dos seus produtos. Os 10nm, podem no fundo, ter uma densidade maior que os 7nm da TSMC.
O que complica a questão, porque encolher desta maneira, não é nada fácil… Por isso, a Intel viu-se obrigada a apostar no seu processo de 14nm, que já vem desde o ano de 2015! (Que até agora, só teve algumas melhorias pouco significativas)
Mas as coisas não ficam por aqui! É que graças às dificuldades nos 10nm, a Intel teve de re-equipar várias linhas, que já estavam prontas para os novos produtos, com equipamento 14nm. O que por sua vez, fez com que toda a produção da empresa baixasse, e em suma, criasse várias dificuldades de stock no mercado. (Especialmente na gama baixa.)
Muito resumidamente, enquanto a Intel tenta perceber o que se passa com o processo de 10nm… Perdeu poder de produção, nos 14nm
O que a AMD aproveitou! Para entrar em força no mercado de gama baixa, onde a Intel falhou, enquanto se focava nos produtos com maiores margens.
É o fim para a Intel!?
Claro que não! A Intel é ainda a líder de mercado, com uma margem enorme. Além disso, se há coisa que não falta nos cofres da empresa, é dinheiro para se aguentar, e dar a volta por cima.
Isto, já para não falar na grande aposta no mercado de placas gráficas, que promete trazer inovação a sério para o segmento. (Placas gráficas com 4 GPUs? Yes please!) Além disso, também parece ter aprendido a lição com os 10nm, apostando em novas tecnologias de fabrico tanto para os 10nm como para os 7nm.
Por fim, concorrência é o que mais faz falta no mercado! Por isso, é bom que a AMD ganhe força, e que a Intel sofra um bocadinho. Para termos várias opções nas prateleiras, a preços não proibitivos.
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