(Especial) Em defesa dos jogos lineares!

Ainda me lembro dos tempos em que ficava completamente doido cada vez que era anunciado um jogo com um “mundo aberto”! Um mundo em que poderia começar a jogar, tendo a perfeita noção de que iria ter uma mapa gigante para explorar, e claro, muito espaço para viver as minhas próprias histórias, ao meu próprio ritmo.

Dito isto, visto que a PS1 não tinha potência suficiente para renderizar grandes mapas em tempo real (existindo apenas jogos como FFVII e outros RPG que utilizavam backgrounds pré feitos), o grande boom de jogos “mundo aberto” ocorreu na altura da PS2.

Jogos como GTA III/Vice City/San Andreas, Jak II e III, etc… Introduziram a noção de mundos vastos, praticamente sem loading e com combate em tempo real! Escusado será dizer que ficámos todos de queixo no chão! O futuro tinha chegado!

gta III

Entretanto, com o passar dos anos, e com o avanço a nível de hardware, foi possível ir criando jogos de “mundo aberto” cada vez mais complexos e interessantes, culminando talvez na sétima geração das consolas (Xbox 360 e PS3), onde encontramos jogos como Skyrim, Witcher 3 e Assassin’s Creed (a trilogia do Ezio).

Com isto não quero dizer os jogos de “mundo aberto” acabaram com a sétima geração (talvez tivesse sido melhor…). O que quero dizer é que se perdeu a noção daquilo que distingue um “mundo vazio” de um “mundo aberto”.

Afinal, cada vez mais parecia que um jogo para valer a pena comprar, tinha obrigatoriamente de ter “mundo aberto”, com a palavra “linear” ficando com uma conotação cada vez mais negativa. Talvez porque na cabeça de alguns consumidores, mais horas de jogo era equivalente a um melhor investimento.

Mas pense comigo caro leitor, quando 80% dos jogos hoje em dia com “mundo aberto” consistem de tarefas entediantes e repetitivas, como por exemplo limpar pela décima vez o mesmo acampamento de bandidos, parar de cinco em cinco minutos para reabastecer combustível ou subir a vinte torres exatamente iguais só para desbloquear pontos de “fast travel”, será que está realmente a ter um bom retorno pelo investimento?

Atenção que não estou a defender os chamados “corredor shooters”. Ou outros jogos em que apenas nos movemos de sala em sala e onde existe zero elemento de exploração.

Eu estou-me a referir a jogos como God of War (PS4), Resident Evil: Village, The Last of Us, entre outros jogos… Que por sua vez conseguem ter um bom equilíbrio entre linearidade e exploração.

Em suma, com isto quero dizer que os jogos são repartidos em secções (de diferentes dimensões). Que contêm o local/objetivo para onde nos podemos dirigir para seguir para a próxima secção, assim como alguns caminhos secundários e segredos a descobrir pelos jogadores mais atentos.

Isto faz com que seja possível os developers criarem experiências muito mais controladas e cinemáticas. Pois o jogador tem sempre um caminho pré-definido que deve seguir (não sendo por exemplo possível chegar a um boss com equipamento muito acima do esperado/estar over-leveled e “estragar” o impacto do momento, um problema presente em Elden Ring por exemplo)

Bem, se todos gostássemos do mesmo, o mundo seria uma seca! A realidade é que existe quem goste dos jogos de “mundo aberto” que descrevi. Fico contente com isso pois o importante é sermos todos felizes enquanto gamers. Simplesmente quero chamar a atenção às virtudes de um bom jogo linear! Que a meu ver, caíram um pouco de valorização, na opinião pública, nos últimos anos.

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Gonçalo Henriques
Gonçalo Henriques
Lembro-me de ser miúdo e passar os meus dias a jogar NES/PS1, acho que até aí já sabia que iria ser gamer para o resto da vida. Agora quero partilhar este meu interesse com todos os que estejam interessados em ouvir um geek a falar da sua paixão.

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