Se por acaso está no mercado a olhar para carros full elétricos ou pelo menos eletrificados, de forma a fugir à crise de preços dos combustíveis… Talvez seja boa ideia ter em conta o estado da atual infraestrutura de carregamento Nacional.
É que enquanto carregar em casa é ainda muito vantajoso, se por acaso tiver de carregar fora de casa, o caso muda de figura muito rapidamente. Especialmente se o seu objetivo for poupar alguns euros.
Aliás, o problema nem está apenas no preço! Está no facto do preço não ser o mesmo, em postos 100% iguais.
Ao fim ao cabo, se eu lhe disser que na minha terra existe um posto de carregamento de carros elétricos capaz de chegar aos 22 kWh, exatamente igual a um outro posto de carregamento, com a mesma exata potência, na localidade 6 quilómetros ao lado, mas um é mais caro que o outro, ficaria confuso? Provavelmente sim, e teria todas as razões para isso.
O sistema de carregamento de carros elétricos é um confusão, e até já chegou ao ponto de remover a grande maioria dos carros híbridos Plug-In da equação, devido à forma como os tarifários são feitos, com pagamentos ao minuto, e claro, com o acréscimo de taxas + taxinhas que apenas encarecem a mobilidade elétrica e afastam os condutores deste ‘novo mundo’. Exemplo em baixo com um Porsche Taycan Turbo S (~400KM de autonomia elétrica).
Onde está a diferença de preço, se os postos são exatamente iguais? Está no facto de em Salvaterra ser necessário pagar 3 cêntimos por minuto de uso, enquanto esta mesma taxa, fica a 2 cêntimos por minuto em Benavente.
Combustíveis: Carregar um carro elétrico é uma confusão!
Portanto, na verdade, carregar um carro elétrico fora de casa é extramente fácil, existindo várias plataformas que nem necessitam de um cartão físico para funcionar, como é o caso da MIIO ou da EVIO. Aplicações que até o ajudam a simular o preço de cada carregamento, de forma a encontrar o posto mais vantajoso para si e para o seu automóvel.
Mas é mesmo necessário “obrigar” o condutor a ter de optar pelo melhor posto? Porque razão não temos uma normalização da rede?
É que o problema para os condutores atuais está nos moldes em como o pagamento de cada carregamento é calculado, nas taxas de ativação, no custo da eletricidade consumida, na taxa OPC, e até, nas cada vez mais comuns taxas de ativação de cada posto.
Como é calculado cada carregamento?
O custo de cada carregamento é composto pela Tarifa do comercializador de energia de mobilidade elétrica, ou seja, o valor dos kWh carregados de acordo com o tarifário em vigor (consumo de energia). Valor que depende do contrato de mobilidade elétrica que tem com o seu fornecedor de energia.
Tarifa do Operador do Ponto de Carregamento (OPC): Valor cobrado pelo proprietário do ponto de carregamento pela utilização do mesmo. Esta tarifa pode assumir 4 formas. Ou seja, valor fixo por carregamento, por kWh, por tempo de ocupação do ponto ou uma combinação dos anteriores. Sendo diferente conforme o posto de carregamento em causa. Nesta componente também pode existir uma taxa de ativação, que tanto pode ser 0.20€, como 2.5€.
Por exemplo, vamos comparar um posto de carregamento de 50kWh, com um outro posto de carregamento super ultra rápido IONITY que pode chegar aos 350 kWh.
Caso não saiba, o carro que estou a usar para a comparação (Porsche Taycan Turbo S) tem uma autonomia combinada de ~400KM, com o AC desligado. (Números da fabricante, pode fazer a sua simulação de KMs aqui)
Dito isto, 40€ para fazer ~400KM não é nada de extraordinário, é algo que facilmente pode fazer com um carro a gasolina ou a gasóleo. 76€ então… Enfim. Sim, um carregamento super rápido pode ser mais caro. Mas o dobro?
Sim, antes de começar já a vir comigo, é verdade que existem formas de baixar o preço destes carregadores super rápidos. Visto que a rede IONITY tem parceria com algumas fabricantes Premium do mercado automóvel como é o caso da Porsche. Mas lá está, são carregadores que estão completamente fora de alcance do mais comum dos mortais. E que por isso, apesar de terem uma qualidade inegável, acabam por complicar a rede de carregamento Nacional.
Infelizmente, estamos a chegar a um ponto em que carregar um carro elétrico, fora de casa, é tanto ou mais caro que meter gasolina ou gasóleo. O que vai contra tudo aquilo que a mobilidade elétrica tem vindo a promete.
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