Ainda se lembra da crise de chips, que resultou num encarecimento de tudo o que era tecnologia? Pois bem, tudo o que tem um pico, acaba por ter de cair, mais tarde ou mais cedo. Foi exatamente isso que aconteceu no mundo da produção de chips.
Com o confinamento generalizado graças à pandemia de COVID-19, fomos todos enviados para casa, com a missão de continuar com o nosso trabalho, ou estudo, a partir das 4 paredes que pagamos todos os meses ao senhorio, ou ao banco. Como é óbvio, nem todos nós tínhamos equipamento para continuar a desempenhar as nossas funções em casa, o que claro está, provocou uma explosão na procura por tecnologia, mais concretamente computadores, monitores, teclados, ratos, webcams, etc…
Além disso, como não é normal passar tanto tempo fechado dentro destas já mencionadas 4 paredes, também existiu um aumento na procura por novos dispositivos para o consumo de conteúdo multimédia, como é o caso das consolas, das TVs, ou até dos smartphones.
Muito resumidamente, toda a gente e o seu cão quis comprar coisas novas, mas não havia produtos para todos. Dessa forma, quem produz chips aumentou as quotas, investiu mais dinheiro, e entrou com ainda mais ambição, nos planos para o futuro dos próximo 3~4 anos, onde vamos ver grandes avanços na miniaturização do transístor, o componente base que dá vida a tudo o que é tecnologia.
Investimento que agora têm de ser pagos. Em suma, se entre 2020 e meio de 2022 existia um nível de procura incrível, agora… Está tudo muito mais cauteloso. Os chips estão a ser feitos, mas ninguém os compra, pelo menos ao seu preço original. Isto é problemático, porque está tudo mais caro, há stock para dar e vender, mas os consumidores não querem gastar o dinheiro que gastaram no passado.
Primeiramente por falta de necessidade, visto que quem comprou computadores, TVs, smartphones, etc… Ainda está bem servido. Em segundo lugar porque o mundo mudou, estamos perante uma nova crise económica, e por isso mesmo, gastar dinheiro em tecnologia não é prioridade para ninguém.
Então, e agora?
Chips: Primeiro uma crise, agora ninguém os quer
Portanto, ao longo que o tempo passou, e as restrições foram lentamente retiradas das nossas vidas, a necessidade por tecnologia caiu, e bem. O que é completamente normal. O que sobe, eventualmente também tem de cair. No entanto, no mundo dos negócios, as coisas não funcionam assim… Por isso, depois de lucros recordes, preveem-se tempos complicados, com muitos e bons produtos a ganhar pó nas prateleiras.
Curiosamente, também é nestes tempos que vemos novas marcas a aparecer, de forma a aproveitar o encarecimento das grandes marcas.
O que está a acontecer? Primeiro, nenhuma marca gosta de baixar os preços, e em segundo lugar, a produção de chips está igualmente cara, comparativamente aos tempos pandémicos.
Aliás, a TSMC tem planos para aumentar ainda mais os preços, quando começar a produzir, em massa, os seus novos produtos de 3nm. Chips que eventualmente vão dar vida a toda a gama de produtos Apple, bem como aos smartphones de nova geração de 2024.
Preços mais baixos? Esqueça isso! Aliás, estou extremamente curioso para perceber o que a Samsung vai fazer com os seus novos Galaxy S23, depois do aumento muito significativo de preço por parte da Apple.
É que caso não saiba, apesar do uso de um design muito parecido, a verdade é que a Samsung aumentou, de forma significativa, a qualidade do interior de cada aparelho. Vão ser mais rápidos, vão ser mais bem construídos, e mais frescos. Provavelmente também mais caros… Mas quão mais caros? Todo o sucesso da gama, que vai servir de bandeira ao mundo Android em 2023, depende do preço que a Samsung quiser implementar.
Consegue imaginar um Galaxy S23 Ultra a 1500€? Seria chocante de ver, na minha mais honesta opinião.
Aliás, as expetativas de algumas empresas tech são tão baixas, que a Intel decidiu adiar um ano a sua nova geração de processadores (link). Em vez disso, vai apostar em produtos mais baratos, apesar de menos poderosos, e claro, um ‘refresh’ daquilo que já tem nas prateleiras.
Os despedimentos que temos vistos no mundo da tecnologia não são por acaso. As empresas estão a fazer o tudo por tudo, para baixar os custos de operação, ao mesmo tempo que tentam apostar na manutenção dos preços que vimos durante a pandemia. O que claro está, tem tudo para correr mal.
Ainda assim, apesar de todas as dificuldades, a expetativa é que a venda de chips duplique até 2030. Isto à medida que são feitos novos investimentos nos Estados Unidos, e União Europeia, de forma a baixar a dependência mundial das grandes fabricantes chips situadas em Taiwan, ou na China.
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