Se por acaso é fã da muito recente série da HBO, Chernobyl, e é como eu… Foi imediatamente ao amigo Google, para saber mais sobre o incidente que deu origem a estes fantásticos episódios.
A energia nuclear é demasiado perigosa?
Depois do tremendo sucesso da série, várias pessoas expressaram a sua preocupação nas redes sociais, dizendo que este tipo de energia é demasiado perigosa.
Pois bem, Craig Mazin, escritor e produtor da série, comentou estas afirmações, dizendo:
- “A lição de Chernobyl nada tem nada a ver com o facto da energia nuclear moderna ser perigosa. A lição consiste que a mentira, a arrogância e a supressão de criticismo, é que são realmente um perigo.”
Claro que a energia nuclear tem os seus perigos!
Contudo, é também uma das maneiras mais seguras, limpas e eficientes de produzir energia. Claro que tem de ser monitorizada e regulada, mas o potencial da energia nuclear é enorme, e pode ser o caminho para o abandono dos combustíveis fosseis.
Com isto em mente, é importante perceber a realidade do que aconteceu no dia 25 de Abril de 1986. Quando o reator número 4 de Chernobyl teve uma fusão catastrófica, durante uma experiência de segurança.
O que por sua vez, causou a propagação de radiação por quase toda a Europa.
Como é que o reator de Chernobyl funcionava?
Como foi mais ou menos explicado na série, as centrais nucleares são no fundo, motores a vapor um pouco mais complexos.
Portanto, num motor a vapor, água fervida transforma-se em vapor, que vai posteriormente fazer girar uma turbina, o que por sua vez, gera energia elétrica. Assim, num reator nuclear, o calor gerado pela fissão causa este vapor de água, que de forma muito similar, irá girar turbinas gigantes.
A fissão nuclear é volátil, e imprevisível.
Uma fissão nuclear leva a outra, o que é muito difícil de controlar, ao longo do tempo. Por isso, para tentar controlar o ‘fluxo’ de fissão, são usadas uma espécie de ‘hastes de controlo’, que servem para absorver neutrões durante a fissão, desacelerando todo o processo.
Dito isto, a central nuclear de Chernobyl, utilizada um reator RBMK (High Power Channel-Type)! Que usa água para refrigerar tanto o núcleo, como para gerar vapor para as suas reações.
E claro, como deve saber, as ‘hastes de controlo’ da central nuclear, eram primordialmente feitas de boro com pontas de grafite!
Enquanto o Boro desacelera a reação, as pontas de grafite causam um aumento do fluxo… Uma falha de design, que acabou por ser uma das causas principais para todo o desastre.
O que causou a explosão do reator número 4 de Chernobyl?
Ironicamente, no dia 25 de Abril, a equipa da central nuclear estava a testar maneiras de tornar todo o processo mais seguro.
Ou seja, se por ventura existisse uma falha de energia, a fissão iria continuar, sem qualquer refrigeração, por não haver circulação de água. E como os geradores a gasóleo, demoravam cerca de 1min para começar a funcionar… Os cientistas chegaram à conclusão, que estavam à espera de um desastre! Caso existisse mesmo uma falha no fornecimento de eletricidade.
Por isso, tiveram a ideia de utilizar a própria energia residual das turbinas, para fazer trabalhar todo o sistema de refrigeração.
Assim, na noite da experiência, os trabalhadores desligaram o sistema de refrigeração de emergência, o controlo automático local e ainda o sistema de redução de energia. Além disto, como o sistema estava concebido para inserir completamente todas as hastes de controlo em caso de uma fusão. Os trabalhadores retiraram quase todas as hastes do reator.
Para ter noção, os requisitos de segurança pediam um mínimo de 28 hastes no núcleos… Mas na altura do incidente, apenas existiam 18.
Pois bem, às 1:23 da manhã, 40 segundos depois do início da experiência… Alguém carregou no botão de emergência! No entanto, ninguém sabe bem quem o fez, ou o porquê.
O botão de emergência deveria meter todas as hastes de controlo dentro do núcleo, para parar a reação… Mas tragicamente, teve o efeito contrário!
Assim que o botão foi pressionado, as hastes de controlo, com as pontas de grafite entraram na água de refrigeração!
Pontas essas que aumentaram a fissão dentro do núcleo! A reação inicial foi tão poderosa, que quebrou as hastes, encravando-as em 3/4 do caminho que era suposto percorrerem.
Posteriormente, o reator criou mais vapor do que aquele que conseguia dar vazão, aumentando significativamente a pressão… E por fim explodindo, levando consigo as linhas de combustível.
Logo a seguir, uma segunda explosão causou a explosão do telhados, e espalhou bocados de grafite um pouco por todo o lado, o que começou a espalhar radiação.
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