A revolução elétrica é inegável em todos os mercados, onde claro está, temos de incluir o nosso pequeno país à beira mar plantado. Cada vez temos mais carros eletrificados nas estradas, com um grande foco nos veículos 100% elétricos, que estão cada vez mais interessantes, mais baratos, e por isso, cada vez mais comuns.
No entanto, como em qualquer outra região, existem dificuldades associadas à aquisição de um qualquer carro elétrico em Portugal, mas concretamente no dia-a-dia. Quer saber algumas delas?
(Especial) Um dia na vida de um condutor de carro elétrico!
Portanto, como deve imaginar, enquanto num carro a combustão pode ir a qualquer um dos postos de abastecimento de combustível, de forma a atestar o seu veículo a gasóleo ou a gasolina, em meros minutos, no mundo dos carros elétricos as coisas não são bem assim.
Além da forma como as coisas funcionam, nomeadamente no tempo que necessita de carregar um carro elétrico, vs atestar um carro a combustão, a verdade é que o número de postos de carregamento não está a crescer de forma diretamente proporcional ao crescimento das vendas. Além disso, e provavelmente mais importante, a manutenção dos postos já montados e em funcionamento é francamente fraca.
Entretanto, para complicar ainda mais a coisa, enquanto num carro a combustão pode ir a um qualquer posto de combustível, onde a grande diferença passa principalmente pelo preço, no mundo elétrico, muda o preço, muda a velocidade do carregamento, pode ver-se obrigado a pagar estacionamento e carregamento ao mesmo tempo, entre muitas outras coisas. Sim, caso não saiba, dois postos exatamente iguais, com a mesma potência de carregamento, podem ter preços bastante diferentes.
Por exemplo, no meu caso, para compensar o custo do carregamento, apenas posso utilizar os postos mais antigos (e cada vez mais raros) de 3.7kWh. Mas vamos separar a coisa por histórias, para ficar mais interessante.
1. Carregamentos que falham!
Num carregamento, existe sempre a possibilidade do posto dar um qualquer erro, e interromper todo o processo. Sem você fazer a mínima ideia, a não ser que tenha um App de monitorização afeta ao cartão de carregamento, ou ao seu carro.
Isto já me aconteceu n vezes, e muito provavelmente vai continuar a acontecer, porque a manutenção feita aos postos é… má.
2. Carregamentos que prometem uma velocidade mas oferecem outra.
A maneira como os carregamentos funcionam, na maioria das vezes, é muito simples. Um posto oferece uma potência pré-definida, como por exemplo 60kW, e você vai pagar essa mesma potência, por cada minuto utilizado. (Isto é o caso da rede Mobi.e).
Assim, se o seu carro só carrega a 10kW, bem, o problema é seu. Vai continuar a pagar o preço tabelado pelos 60kW. Mas até aqui tudo bem. O real problema é quando o posto diz que carrega a 60kW, mas quando dá por si, o carregamento só chega aos 40, 30, ou como já me aconteceu uma vez, 15kW por hora.
O que acontece nestes casos? Bem, vai pagar o mesmo exato preço por minuto dos 60kW. Mas, quando chegar ao carro, ou não vai ter a bateria cheia, ou vai pagar um carregamento muito mais longo. (Sem fazer a menor ideia daquilo que aconteceu)
3. Espaços reservados para elétricos ocupados por carros a combustão.
Há 2 meses atrás, tentei carregar no posto de carregamento PCN perto do Centro Comercial Colombo. No entanto, apesar de existir um espaço vago no carregador, um dos dois lugares reservados para o carregamento estava a ser ocupado por um carro a combustão.
Na minha inocência, decidi arrumar o meu carro no espaço imediatamente ao lado, que não é reservado para carros elétricos, e liguei o cabo ao carregador. Dito isto, como estava num lugar não reservado, puxei da app ePark, e além de pagar o carregamento, paguei também o estacionamento à EMEL. Até aqui tudo bem. Tinha o carro a carregar, não ia ficar a pé.
Entretanto, quando voltei ao meu veículo, 45 minutos depois, tinha um outro condutor de um veículo elétrico irritadíssimo comigo, bem estacionado no espaço previamente ocupado por um carro a Gasóleo. Esse mesmo senhor aproximou-se de mim de forma ameaçadora, a tentar um confronto. Expliquei a situação, mas o senhor escolheu continuar irritado, enquanto me ofendia. Felizmente não aconteceu nada, mas é mais um exemplo da falta de civismo dentro deste ecossistema.
4. Carregadores avariados!
Tenho de contar a minha primeira experiência de carregamento, que por acaso também aconteceu no meu primeiro ensaio automóvel. Tudo aconteceu em 2019, com um Tesla Model X P100D, num carregador PCN da EMEL.
Já na altura, dos 8 pontos de carregamento, apenas dois funcionavam. Curiosamente, dos dois funcionais, um deles tinha um ninho de vespas lá dentro. Sendo exatamente esse, CLARO, que escolhi na primeira tentativa de ligar o cabo.
As coisas não melhoraram muito nos últimos 4 anos. Temos cada vez mais postos, mas acontece, e acontece muito, chegarmos lá e nada funcionar como seria de esperar.
4. Carregadores a dar erro, que depois dão origem a uma conta que não faz qualquer sentido.
Esta é uma das melhores experiências que tive no mundo dos veículos elétricos! Pois bem, há alguns dias atrás, na Avenida da Liberdade, tentei meter o meu carro a carregar num dos postos disponíveis, de forma a ir jantar ali perto.
Vou à app Miio, e vejo que existe mesmo um posto completamente vazio. Meto-me a caminho, mas quando lá chego, deparo-me com um senhor que chegou primeiro que eu, a ligar o seu carregador, e claro, à frente, um carro a gasóleo mal estacionado.
Pedi ao senhor do carro elétrico para chegar o seu veículo mais para trás, de forma a que eu conseguisse arrumar o meu. Este senhor foi extremamente simpático e fez exatamente isso. Chegou o seu KIA elétrico o máximo que conseguiu, enquanto media a coisa com o tamanho do seu próprio cabo de carregamento, para dar espaço ao meu automóvel. O espaço era curto, era apertado, e demorei uns bons 2 ou 3 minutos a arrumar o meu carro no espaço, com aqueles clássicas manobras de ir à frente, e ir atrás, algumas 20 vezes.
Consegui arrumar! Quando tento carregar, o posto estava com problemas na ficha disponível. Com muita dificuldade consegui iniciar um carregamento, mesmo tendo a plena consciência que o mesmo iria falhar pouco tempo depois. Resultado de tudo isto? Sim, a coisa falhou, mas tenho um carregamento de 70 euros para pagar na app da Miio, por um carregamento que segundo a própria app durou menos de uma hora, e que teve a potência de 7kW.
5. Carregadores iguais, com a mesma potência, têm preços diferentes
Uma das coisas mais irritantes na rede de carregamento pública, é mesmo o facto de nunca sabermos muito bem quanto vamos pagar no final de cada carga.
Por exemplo, na minha área de residência existe um posto de 11kW com um preço tabelado por minuto. Na vila imediatamente ao lado existe um posto igual, mantido pela mesma empresa, também ele de 11kW. Os preços não são iguais. O posto da minha localidade é 1 cêntimo por minuto mais caro, relativamente ao outro posto, que é igual, é mantido pela mesma empresa, e teve o “terreno” oferecido pelo município.
Porquê? Quem sabe?
Conclusão
Estas são algumas das minhas experiências dos últimos anos. Existem obviamente mais, como cabos presos em postos após o término do carregamento. Ter de buzinar para alguém sair de um lugar reservado para carregamentos, e ainda ser ofendido porque eu é que estou mal, etc…
Ademais, o que pensa sobre todas estas histórias? Qual é a sua experiência com o mundo dos carregamentos? Partilhe connosco a sua opinião na caixa de comentários em baixo.
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