Um estudo inovador revela que o consumo elevado de carne vermelha processada aumenta significativamente o risco de demência. Assim os investigadores sugerem a substituição da carne vermelha por fontes de proteína mais saudáveis, como frutos secos e legumes, para reduzir potencialmente este risco em 20%. Esta descoberta pode reformular as diretrizes dietéticas para melhor abordar a saúde do cérebro, especialmente à medida que a população envelhece.
Carne vermelha e risco de demência
O consumo de carne vermelha é um fator de risco bem conhecido para doenças crónicas, como as doenças cardíacas e a diabetes tipo 2. Agora, um novo estudo realizado por investigadores do Mass General Brigham, da Harvard T.H. Chan School of Public Health e do Broad Institute do MIT e de Harvard descobriu que o consumo de maiores quantidades de carne vermelha – especialmente as variedades processadas – pode também aumentar o risco de demência.
O estudo, publicado a 15 de janeiro de 2025, na Neurology, a revista médica da Academia Americana de Neurologia, sugere que a substituição da carne vermelha processada por fontes de proteína mais saudáveis, como frutos secos, legumes ou peixe, pode reduzir o risco de demência em cerca de 20%.
Diretrizes alimentares e saúde do cérebro
“As diretrizes dietéticas tendem a centrar-se na redução dos riscos de doenças crónicas como as doenças cardíacas e a diabetes, enquanto a saúde cognitiva é menos frequentemente discutida, apesar de associada a estas doenças”, afirmou o autor correspondente Daniel Wang, MD, ScD, da Channing Division of Network Medicine do Brigham and Women’s Hospital, membro fundador do sistema de saúde Mass General Brigham. Wang é também membro associado do Broad Institute e professor assistente no Departamento de Nutrição da Harvard Chan School. “Esperamos que os nossos resultados encorajem uma maior consideração da ligação entre a dieta e a saúde do cérebro”.
Entretanto com o envelhecimento da população, a demência está a tornar-se uma preocupação crescente para indivíduos e famílias. Este estudo acompanhou 133.771 participantes, que tinham uma idade média de 49 anos no início, durante um período de 43 anos. Durante este período, 11173 participantes receberam o diagnóstico de demência.
Uma porção típica de carne vermelha é de aproximadamente o tamanho de uma barra de sabão. As pessoas que consumiam uma média diária de um quarto ou mais de uma porção de carnes vermelhas processadas (cerca de duas fatias de bacon, uma fatia e meia de mortadela ou um cachorro-quente), em comparação com as que consumiam uma quantidade mínima apresentavam um risco 13% mais elevado de desenvolver demência. Isto tendo em conta numerosos factores clínicos, demográficos e de estilo de vida, como o estatuto socioeconómico e a história familiar de demência.
Entretanto os investigadores mediram a função cognitiva objetiva utilizando avaliações cognitivas padrão. Descobriram que esta medida também era pior entre aqueles com maior consumo de carne processada. Isto com o envelhecimento cognitivo acelerado em aproximadamente 1,6 anos por dose média diária.