A indústria farmacêutica há anos que tem investido muito mais em doenças crónicas do que em infeções. Isto porque lucra muito mais com algo que é necessário a vida toda do que uma cura rápida. Fundamentalmente, as bactérias que desenvolvem uma resistência aos antibióticos designam-se de bactérias multirresistentes!
Crescimento esse que se deve a um fenómeno natural, um mecanismo de sobrevivência.
Assim como outros organismos, as bactérias adaptam-se para sobreviver em ambientes adversos! Neste caso, esse “ambiente adverso” é a consequência das ferramentas que os humanos utilizam para sobreviver e “matar as infeções”.
Nos últimos anos, as bactérias resistentes a antibióticos têm crescido cada vez mais! E os profissionais de saúde estão a ficar sem arsenal de tratamento farmacológico para combater essas infecções.
As bactérias responsáveis pela maioria dos casos de infecções do trato urinário (ITUs) estão a tornar-se cada vez mais resistentes aos tratamentos comuns com antibióticos! Isto de acordo com uma nova pesquisa publicada no ‘Annals of Emergency Medicine’.
Atualmente, não é claro quais são os fatores que aumentam o risco de uma pessoa contrair uma bactéria que apresenta resistência aos antibióticos, mas desconfia-se de alguns comportamentos.
Possivelmente, os médicos receitaram antibióticos indiscriminadamente. Em paralelo, as rações com antibióticos para animais para consumo alimentar podem ser algumas das causas!
Foi efectuado um estudo na Califórnia, onde 1.045 pacientes foram diagnosticados com infeções urinárias(ITUs), 6% dos quais foram causados por bactérias resistentes aos medicamentos. É um tamanho de amostra relativamente pequeno, mas os cientistas dizem que pode ser indicativo de uma tendência crescente de bactérias resistentes a antibióticos quando se trata de ITUs.
Habitualmente, as “super bactérias” eram maioritariamente encontradas em infecções hospitalares. Contudo, o estudo observa que cada vez mais aparecem casos de infeções resistentes fora deste espaço!
“O aumento das infecções resistentes aos medicamentos é preocupante“, disse o autor do estudo, Bradley W. Frazee, “O que há de novo é que em muitos casos de infecções a bactérias multirresistentes do trato urinário, é impossível identificar quais são os pacientes que estão em risco.
É imperativo abordar as causas da resistência aos antibióticos e desenvolver novos medicamentos. Uma sociedade sem o uso de antibióticos seria como retornar aos tempos pré-industriais, quando uma pequena lesão ou infecção poderia facilmente tornar-se uma ameaça à vida. ”
Uma ITU pode ocorrer em qualquer parte do sistema urinário. Tais como, rins, ureteres, bexiga e uretra. Nomeadamente, quando a ‘escherichia coli‘ se move do trato gastrointestinal (GI) para a uretra. Neste caso em particular, a ‘E. coli’ está, de facto, a mostrar cada vez mais uma resistência aos antibióticos como ‘cefalosporinas‘.
Os cientistas sugerem adaptar as medidas atuais para ajudar a combater a crescente resistência aos antibióticos em bactérias.
Dito isto, mudar as práticas clínicas para incluir testes de cultura de urina que identificam as ITUs. Este simples passo ajudará a saber qual a bactéria a combater.
Deste modo, elimina-se o uso excessivo de antibióticos!
Posteriormente, a implementação de um sistema de acompanhamento mais confiável em pessoas com bactérias resistentes. O que, por sua vez, ajudará os médicos a entender por que motivo algumas pessoas podem ser infectadas e outras não.
Por fim, melhorar o conhecimento farmacológico dos profissionais de saúde. De modo a que os médicos, e não só, conheçam intuitivamente quais os antibióticos a usar contra quais bactérias.
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