Uma equipa da Universidade de Cambridge identificou um mecanismo através do qual a aspirina pode ajudar a travar a disseminação de determinados tipos de cancro, fortalecendo a resposta do sistema imunitário.
Aspirina pode reduzir a propagação de certos tipos de cancro
A metástase continua a ser um dos maiores desafios no combate ao cancro. Trata-se do processo pelo qual células tumorais se desprendem do tumor original e invadem outros órgãos, tornando o tratamento mais complexo. Embora a ciência tenha avançado na compreensão deste fenómeno, ainda há muitos aspetos desconhecidos.
Um estudo recente, publicado na revista Nature, revelou um mecanismo imunológico que pode explicar de que forma a aspirina reduz o risco de metástases. A hipótese de que este fármaco pode ter um efeito protetor contra a propagação do cancro já foi explorada em investigações anteriores. Entretanto os novos achados reforçam essa possibilidade. No entanto, os especialistas alertam que os resultados devem ser interpretados com prudência.
Como a aspirina pode ajudar a travar as metástases
Os investigadores descobriram que a aspirina inibe um sinal químico que impede a ação das células T, um tipo de glóbulo branco essencial na resposta imunitária. Esse mecanismo permite que o sistema imunitário ataque mais eficazmente as células cancerígenas.
Apesar da descoberta promissora, os testes realizaram-se apenas em ratos, pelo que são necessários mais estudos para verificar se o mesmo efeito ocorre em humanos. Além disso, a aspirina não está isenta de riscos, podendo aumentar a probabilidade de hemorragias e problemas gastrointestinais em certos pacientes.
Outro aspeto incerto é quais os tipos de cancro que responderiam melhor a este mecanismo e qual seria a dose ideal para obter benefícios sem comprometer a segurança dos doentes. Ainda assim, a investigação abre caminho para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas que ajudem a prevenir a disseminação do cancro.
Resultados promissores, mas com cautela
Nos testes em ratos, a administração de aspirina reduziu a propagação de tumores de cólon, melanoma e mama, diminuindo a presença de células tumorais no fígado e nos pulmões. Este achado reforça investigações anteriores que já indicavam uma possível ação anticancerígena da aspirina.
Em 2023, o epidemiologista Peter Elwood publicou um estudo que analisou dados de 118 investigações. Assim concluiu que o consumo regular de aspirina estava associado a uma redução de 20% na mortalidade por cancro. No entanto, os especialistas alertam que ainda não há consenso sobre a utilização contínua do fármaco para a prevenção da metástase. Isto devido ao risco de hemorragias.
Enquanto os ensaios clínicos em humanos não se concluírem, os especialistas reforçam que ninguém deve começar a tomar aspirina por conta própria com o objetivo de prevenir o cancro. O uso deste medicamento deve ser sempre recomendado por um profissional de saúde, tendo em conta o perfil clínico de cada paciente.