Escusado será dizer que as expectativas eram altas para The Outer Worlds. Afinal de contas, com a decepção que acabou por ser Fallout 4, e mais recentemente Fallout 74 (que foi um autêntico pesadelo para o estúdio), os gamers estavam à espera de uma verdadeira sequela à formula desenvolvida pela Bethesda há já mais de doze anos.
Dito tudo isto, tivemos novamente a Obsidian Entertainment a entrar em cena! Se o nome não vos parece estranho é porque estamos a falar dos criadores de Fallout: New Vegas, que é na opinião de muitos gamers (incluindo na minha) o melhor Fallout da geração HD.
(Análise Switch) The Outer Worlds: Um port de qualidade?
Portanto, já não tendo laços com a Bethesda nem com o IP Fallout, a Obsidian decidiu criar um sucessor espiritual ao New Vegas, tentando manter os gamers sempre presentes no seu pensamento, criando aquilo que é na sua génese, um jogo para os fãs. Conseguindo evitar, na maior parte, os corporate trappings que se encontram cada vez mais presentes nesta industria. Digo na maioria pois na altura de lançamento do jogo em questão, a Obsidian Entertainment assinou um contrato de exclusividade com a Epic Games, tornado assim o Outer Worlds num exclusivo temporário da Epic Store, barrando o acesso a uma grande parte de gamers que não se sentiam confortáveis a utilizar um serviço inferior comparativamente ao seu concorrente principal, a Steam.
Mas vamos ao que interessa… A pequena consola híbrida da Switch!
Desde o lançamento da Switch que temos vindo a ser surpreendidos com a qualidade de grande parte dos ports que nela são lançados, desde o Witcher 3 ao Dark Souls Remastered. Pois bem, agora, já sem exclusividade, chegou a vez de The Outer Worlds também molhar o pão na sopa. Será que a Virtuous conseguiu transformar este RPG numa boa experiência on-the-go? É a esta pergunta que procuro responder com esta análise.
Performance
Não querendo retirar mérito ao trabalho feito pela Virtuous, pois não deve ter sido fácil tentar portar Outer Worlds para uma consola tecnicamente mais fraca que os seus competidores, as notícias não são propriamente boas no que toca à performance Undocked do jogo.
Dito isto, enquanto as cutscenes são bastante agradáveis de se ver (Docked e Undocked), o gameplay em si é denegrido por texturas de muito baixa resolução e talvez o pior problema com que me deparei, o desfoque de tudo o que se apresentava a média/longa distancia. Desfoque que muito provavelmente deverá ter sido utilizado para tentar esconder a pixelização de objetos e personagens que se encontrem afastadas do jogador. Contudo, infelizmente, essa pixelização é impossível de se esconder, acabamos por afetar significativamente a experiência do utilizar, especialmente quando um dos pontos fortes do jogo original é o seu potencial gráfico.
No que toca ao framerate posso dizer que este também tem problemas em manter-se constante nos 30FPS! (Que é o limite deste port). Estas quedas são especialmente visíveis em situações de combate e/ou em zonas mais detalhadas e exigentes do mapa (cidades por exemplo).
O ultimo ponto que quero referir relativamente à performance são os tempos de carregamento, que como seria de esperar, são mais longos que as outras versões de The Outer Worlds.
Em relação à performance quando a Switch se encontra Docked, lamento informar que a situação não melhora… Apesar do desfoque ser menor, isto apenas expõe o pop-in que ocorre à medida que vamos caminhando pelo mapa e chama mais atenção para as textures de baixa qualidade que estão espalhadas por todo o lado. Ao ponto da subida de resolução dos 720p para 1080p ser quase imperceptível perante estas cedências. Parece também, pela minha experiência, haver mais quedas de frames em modo Docked.
Jogabilidade
Em relação ao combate, é o que se pode esperar de um First Person Shooter na Switch. O aiming é um pouco rígido mas acaba por ser compensado de certa forma pelo aim assist, algo que é comum nestes casos.
Fiquei no entanto surpreendido com as opções de mobilidade disponíveis devido à existência de um botão de dash/dodge, tornado o combate muito mais móvel, promovendo uma jogabilidade um pouco mais rápida.
Inspirado sem dúvida pelo sistema V.A.T.S. que existe nos jogos Fallout, temos também uma versão desse sistema neste jogo chamada “Tactical Time Dilation”. Sendo este um Slowdown do mundo à nossa volta que podemos ativar para conseguir fazer pontaria com mais calma, precisão e zonas especificas dos nosso adversários, estando dependente de uma barra que recarrega automaticamente com o passar do tempo, ajudando a dar uma componente mais tática aos combates.
Cada vez mais acho estes sistemas indispensáveis em singleplayer FPS nas consolas. Visto que os analógicos não têm nem de perto nem de longe a precisão de um rato. Especificamente no caso da Switch, em que os analógicos são ainda mais rígidos que os da Playstation e Xbox.
Tratando-se da Nintendo Switch, temos a opção de utilizar os sensores dos Joy-cons para substituir as funções do analógico direito (apontar), de uma forma parecida com a Wii. No entanto, o Outer Worlds não sendo um jogo feito de raiz para o sistema faz com que esta opção não seja a mais viável. E sendo sincero, o objetivo da Switch é ser portátil, não vão ser muitas as vezes em que podemos utilizar sequer esta alternativa mesmo que esta funcionasse bem.
Conclusão
Em suma, The Outer Worlds conseguiu em grande parte o seu objetivo de ser um sucessor espiritual ao Fallout New Vegas. Com componentes de exploração espetaculares, personagens interessantes, companheiros de viagem diversificados (com as personalidades próprias), um humor subtil e ainda temáticas de ganância empresarial.
No entanto, o developer Virtuous teve de ceder demasiado a nível de performance para trazer esta experiência completa para a Switch. Por isso, não consigo recomendar o Outer Worlds para a Switch, pelo menos não no seu preço inicial. A alma e o conteúdo estão presentes, falta no entanto o mais importante, uma experiência de jogabilidade aceitável.
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