Mister Kung-Fu: 32 anos depois, surge o remake de Kung-Fu Master

Não é habitual surgir, nos tempos que correm, beat’em’ups para o ZX Spectrum. O último de que nos lembramos, e que por sinal é excelente, foi Mighty Final Fight, e faz sensivelmente um ano que saiu, tendo na altura concorrido à prestigiada competição ZX-DEV Conversions. Entretanto esta competição lançou uma nova edição, a ZX-DEV-MIA-Remakes, que incentiva a criação de jogos desaparecidos (MIA), ou remakes, como é o caso deste Mister Kung-Fu, que trouxe uma nova abordagem a Kung-Fu Master.

Se passaram pelos anos oitenta devem lembrar-se da US Gold, editora que lançava jogos de grande qualidade ao mesmo ritmo que flops. E Kung-Fu Master enquadra-se nesta última categoria. Na altura fez-se a conversão do jogo de arcada, que era um autêntico sucesso, mas o que se conseguiu foi lançar um jogo com uma péssima jogabilidade, gráficos horríveis e que constituiu uma desilusão para todos. Mas a história está prestes a mudar…

mister kung-fu: 32 anos depois, surge o remake de kung-fu master

Esqueçam então o original de 1986, façam de conta que esse nunca existiu, e avancem para esta boa surpresas criada por Elton Bird. A história é a mesma, a nossa amada Silvia foi feita prisioneira no templo do Diabo. Para a podermos resgatar temos que passar por cinco diferentes pisos, cada um deles com características próprias, mas com um elemento em comum: um big boss no final de cada um dos níveis. Até lá chegarmos temos que desancar à força dos pés e dos punhos, dezenas de inimigos que se aproximam por todos os lados. Alguns deles bastante complicados, como é o caso dos anões, que dão saltos sobre nós, roubando-nos um pouco de energia, ou alguns ninjas que nos atiram com facas e esquivam-se aos nossos golpes. Pelo meio também aparecem alguns dragões que terão que ser evitados a todo o custo.

Como podem verificar, até aqui tudo é igual ao original de 1986. Mas onde Mister Kung-Fu ganha em toda a linha é na jogabilidade e nos gráficos, que mesmo não sendo brilhantes, conseguem tornar o jogo num exercício viciante e que agrada a todos aqueles que gostam de dar uns bons sopapos para evitar o stress do dia-a-dia. É também mais rápido (50 frames por cada segundo de acção), tornando o jogo um pouco mais difícil, mesmo tendo em conta que o bigs bosses, no meio da restante rapaziada e bicharada, parecem meninos de coro, que com alguma destreza são rapidamente eliminados.

Finalmente, outro ponto positivo é a música (AY). Apenas no modo 128 K, muito embora, se carregarem Mister Kung-Fu no modo 48 K, o silêncio não reina, pois o barulho dos golpes está presente.

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No entanto, existem também alguns pontos que não gostámos tanto. O primeiro deles está relacionado com o próprio conceito, pois sendo um remake, não foram alteradas as características base da acção e dos cenários. Assim, a repetitividade que já constava no original, também aqui é uma constante. Os cenários são sempre iguais e monótonos, os inimigos não variam, e limitamo-nos a dar pontapés nos inimigos que vão aparecendo de ambos os lados.

Por outro lado, e esta parece-nos a maior lacuna, embora mais uma vez tente recriar o jogo de arcada, sempre que um inimigo se aproxima demasiado, prende-se a nós, e depois temos que pressionar rapidamente para ambos os lados, única forma de nos libertarmos do inimigo. Enquanto isso não acontece, a nossa energia desce drasticamente. E acontece frequentemente os controlos não responderem com a rapidez pretendida e perdermos a vida, não restando outra hipótese do que recomeçar o nível do início (outra fragilidade, não faz sentido percorrermos novamente o caminho que já havíamos feito).

Mas mesmo tendo em conta estas fragilidades, Mister Kung-Fu é uma enorme evolução relativamente à conversão da US Gold de 1986. Não sendo um jogo excepcional, vai de certeza fazer as delícias de todos aqueles viciados nos beat’em’ups, sendo também um sério concorrente à vitória final na competição. O jogo é também gratuito, podendo aqui ser descarregado.

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André Leão
André Leãohttp://planetasinclair.blogspot.pt/
Tive o meu primeiro computador em 1985, um TC 2048, que me iniciou na informática. Apesar de no final dos anos 80 ter definitivamente passado para os 16 bits, o bichinho do Spectrum e clones sempre ficou, até aos dias de hoje. Atualmente coleciono tudo o que tenha a ver com o Spectrum e vou estando a par das novidades deste mercado, sendo fundador do blogue Planeta Sinclair.

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