A tosse é a expulsão súbita e violenta de ar dos pulmões com o objetivo de remover partÃculas estranhas das vias aéreas. Dito isto, percebe-se que a tosse faz parte de um mecanismo benéfico para o corpo, uma vez que visa a expulsão de partÃculas nefastas. Assim, geralmente, pode ser apenas um sintoma das comuns constipações e gripes virais desta altura. Assim sendo, entende-se que a procura de antitússicos na farmácia aconteça maioritariamente no Inverno.
A tosse não o larga? As razões e como se livrar dela!
No entanto, a tosse não é só especÃfica desta época! Tal deve-se à componente multifatorial da causa da tosse.
Portanto, desta forma, podemos enumerar algumas causas:
- Infecciosa
- Doenças crónicas
- Doença pulmonar obstrutiva crónica ( DPOC)
- Asma
- Insuficiência cardÃaca congestiva
- Refluxo gastroesofágicoo
- Congestão nasal
- Inalação de fumo ( Tabaco)
- Causas mecânicas (corpos estranhos na garganta)
- Medicamentos ( IECAS, ARAII, antagonista de cálcio, AINES, inibidores da bomba de protões, antirretrovirais e beta bloqueadores podem provocar tosse seca irritativa)
Em suma, qualquer situação que desenvolva inflamação, constrição, infiltração ou compressão das vias aéreas respiratórias.
Entretanto… A tosse não é toda igual! E, como tal, deve entender-se as diferenças e tomar precauções.Â
Pode ser classificada:
Quanto à duração:
Aguda – menos de 3 semanas
Crónica – persiste mais de 8 semanas
Embora possa prejudicar a qualidade de vida, a tosse aguda é quase sempre inofensiva e auto-limitada, melhorando ao fim de três semanas.
No entanto, se a tosse for persistente, pode significar um sintoma de insuficiência cardÃaca pelo que deve ser encaminhado para o medico.
Quanto à produção:
Produtiva – Na tosse produtiva há produção de muco (expectoração). Surge na sequência de uma hiper-produção de muco devido à irritação das vias áreas causada por uma infeção, alergia, etc.
- O normal é o muco ser transparente ou esbranquiçado.
Contudo, quando o muco tem coloração diferente pode ser sinal de alarme!
Podendo ser uma infeção pulmonar caso esteja amarelo-esverdeado. Paralelamente, caso o muco para além de apresentar cor distinta, seja mais espumoso ou sanguinolento pode indicar uma bronquite ou pneumonia e é necessário encaminhamento médico.
Não produtiva – A tosse seca não produtiva é uma resposta a estÃmulos irritativos e não tem qualquer ação protetora. Dito isto, pode ser suprimida com antitússicos.
Terapêutica não farmacológica
- Mel e limão (adicione o sumo de um limão espremido e uma colher de chá de mel numa chávena de água quente). Basicamente, este famoso xarope ajuda a lubrificar as vias respiratórias.
- Hidrate-se! Beba pelo menos 6 a 9 copos de água por dia. Em alternativa, pode beber chá. O importante é manter o organismo hidratado. Isto porque, a hidratação vai aumentar o fluidez do muco! Assim sendo, não se preocupe se inicialmente aumentar o muco.
- Chupe rebuçados ou pastilhas sem açúcar, para ajudar a reduzir a irritação e aumentar a salivação.
- Posição de sono: Uma dica tão fácil como elevar a cabeceira da cama/almofada para aliviar a tosse durante a noite pode aliviar. Tal deve-se à posição mais fisiológica e fácil da respiração.
- Pare de fumar: Fumar é uma das causas mais comuns da tosse crónica. Para além de diminuir factores agressivos que contribuem para a tosse também melhora o seu estado de saúde geral.
- Humidificar o ambiente: Fundamentalmente, está a favorece o amolecimento das secreções, facilitando assim a expulsão da expectoração.
Terapêutica farmacológica
Alguns medicamentos para a tosse devem ser evitados em diabéticos (Ex: xaropes com açúcar) e em doentes com doença coronária e hipertensão (Ex: antitússicos com codeÃna).
Fármacos antitússicos adequados para o tratamento da tosse não produtiva (seca) :
- Levodropropizina (60mg 3x dia – antitússicos de ação periférica), Ex: Levotuss®
- Dextrometorfano (10 a 20mg 4/4h ou 30mg cada 6/8h – opiácio de ação central), Ex: Bisoltussin®
- Oxolamina (100 a 200mg 3x dia – anticolinérgico/antihistamÃnico)
- CodeÃna + Feniltoloxamina 2.22 mg/ml + 0.733 mg/ml ( 10ml de 12/12h) Ex: Codipront®
- Butamirato (6mg 4x dia – antitússico) Ex: Sinecod®
Os fármacos antitússicos utilizam-se quando é necessário impedir o processo de tosse por alguma destas razões:
- Tosse não produtiva que interfere com o descanso noturno ou com a atividade diurna;
- Quando a irritação brônquica induz ataques de tosse posteriores;
- Quando há perigo de dano para os doentes por diversos motivos (cirurgias, etc.)
Fármacos mucolÃticos e expetorantes adequados na tosse produtiva:
- Sobrerol ou ciclidrol (80 a 160 mg 2xdia) Ex: Mucodox®
- Ambroxol (20 a 40mg  3xdia) Ex: Broncoliber®, Mucosolvan®
- Bromexina (8 a 10mg 3xdia) Ex: Bisolvon®
- AcetilcisteÃna (200mg 3xdia ou 600 mg 1xdia) Ex: Fluimucil®
- CarbocisteÃna (750mg 3xdia, reduzir a 1/3 após a melhoria dos sintomas) Ex: Pulmiben®
Afinal de contas, os fármacos mucolÃticos e expectorantes ajudam a incrementar a expectoração. E, por isso, conseguem aliviar e facilitar a tosse produtiva tendo ação sobre o sistema mucociliar:
- Aumentando o volume da secreção (expetorantes, ex: ambroxol);
- Diminuindo a viscosidade do muco (mucolÃticos, ex: acetilcisteÃna);
- Regulando a sua consistência (mucoreguladores);
- Potenciando a atividade de limpeza mucociliar.
Efeitos secundários:
De modo a finalizar a terapia farmacológica e porque os efeitos secundários fazem parte desta, iremos abordar os efeitos dos medicamentos mais usados.
Levodropropizina (antitússico)
- Reações na pele, tais como urticária ou prurido;
- Arritmia cardÃaca;
- Coma hipoglicémico (descida dos nÃveis de açúcar no sangue abaixo de um valor considerado mÃnimo);
- Reações alérgicas/anafiláticas tais como edema, dispneia (falta de ar), vómitos e diarreia.
AcetilcisteÃna (mucolÃtico)
- Deve ter-se especial atenção aos doentes asmáticos pelo risco de ocorrer broncoconstrição. Nestes casos deve interromper-se o tratamento e consultar um médico.
- Podem ocorrer náuseas, vómitos ou outros sintomas gastrointestinais, após administração oral de AcetilcisteÃna.
- Apenas se descrevem reações de hipersensibilidade após a administração de doses elevadas de AcetilcisteÃna por via intravenosa como antÃdoto nas intoxicações por paracetamol, através de um possÃvel mecanismo mediado pela libertação de histamina.
- Os sintomas associados a esta reação podem ser, entre outros, náuseas, vómitos, rash, urticária, vertigens, broncospasmo e taquicardia.
- O facto de o medicamento conter sorbitol como excipiente poderá causar diarreia em indivÃduos mais sensÃveis.
Ambroxol (expectorante)
- Foram descritos pirose, dispepsia, náuseas, vómitos, diarreia e outros sintomas gastrointestinais moderados.
- Foram descritos, muito raramente, erupção cutânea, urticária, edema angioneurótico, reacções anafilácticas (incluindo choque anafiláctico) e outras reacções alérgicas (hipersensibilidade).
Em suma, as associações de antitússico e expectorante parecem ilógicas e devem ser evitadas!
Isto porque, por um lado, tornam a tosse mais produtiva e, por outro, provocar-se-ia a sua paragem. Dito isto, deve evitar-se a conjugação de ambos em associação!
Por fim, quando se deve encaminhar para o médico?
- Tosse com sangue sem qualquer motivo aparente;
- Tosse acompanhada de muco de cor amarelada ou esverdeada;
- Febre elevada;
- Prolongamento da tosse por mais de duas a três semanas;
- Dor no ombro ou no peito, para além da tosse;
- Dificuldades respiratórias;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Rouquidão durante mais de três semanas com ou sem tosse associada;
- Aparecimento de caroços ou inchaços no pescoço ou acima das clavÃculas;
- Sensação de mal-estar persistente
Além disso, idade inferior a 2 anos, gravidez, amamentação, DPOC, asma, insuficiência cardÃaca, toma de medicamentos que podem originar tosse são situações de encaminhamento médico.
Em suma, a tosse pode ser um sintoma de uma simples constipação mas também pode ser de uma outra doença.
Assim, é fundamental entender outros sintomas associados. É importante dizer o máximo de sintomas que acompanham a tosse para o farmacêutico lhe dispensar o melhor antitússico para si!
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