Óleo de Coco – O novo rumor vindo de Harvard é enganoso?

Nos últimos dias surgiu uma controvérsia gigante sobre o famoso e amplamente utilizado óleo de coco! ‘Karin Michels’, uma epidemiologista da escola de saúde pública de Harvard, que afirmou que o óleo de coco por ser fonte de gordura saturada é mau para a saúde! Aliás, até classificou este óleo como veneno!

A imprensa replicou, e a noticia disseminou. Faltando apenas acabar os artigos com “BUH!” para assustar.

Dito isto, vamos lá descodificar este novo mito, de vez!

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O que são gorduras? O que é a gordura saturada?

Gordura é um macronutriente importantíssimo! Sem gordura nem colesterol inúmeras funções biológicas serão comprometidas!

Para além das membranas celulares que são fundamentais para a manutenção e preservação celular, a gordura é necessária para dissolver e transportar as vitaminas lipossolúveis.

Mas não só! As hormonas são sintetizadas a partir da gordura! E, caso as hormonas não se encontrem regularizadas, para além de levar ao envelhecimento precoce também pode iniciar inúmeros processos patológicos.

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Em suma, pode dividir-se as gorduras em saturadas, insaturadas e trans.

Fundamentalmente, as gorduras saturadas encontram-se nas carnes, manteiga, ovos, óleo de coco. As insaturadas nos produtos vegetais, como nozes, azeite e peixe gordo. E, por fim, as trans, as piores e de evitar, nos gelados, bolachas e produtos pré-feitos.

No entanto, dentro das gorduras saturadas existem os ácidos gordos de cadeia longa como a maior parte dos alimentos de origem animal e os ácidos gordos de cadeia média como é o caso do óleo de coco.

Por isso, à partida nem estamos a falar do mesmo tipo de ácidos gordos! Isto é, comer todos os dias um naco de carne gorduroso cheio de gordura saturada não é igual a usar, de forma consciente, apenas um colher de coco diariamente.

Similarmente, inúmeras vantagens deste produto foram já observadas. Nomeadamente, auxílio na perda do apetite, infeções, saúde bucal, redução da circunferência abdominal, etc.. Esses benefícios foram atribuídos ao seu alto teor de ácido láurico, ácido gordo de cadeia média.

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Falando com base em evidências cientificas, um dos mais completos artigos científico que faz uma meta-análise de vários estudos e artigos cientificos é o “Reduction in saturated fat intake for cardiovascular disease.”, (que pode consultar aqui)

Em suma, este artigo consiste numa revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos, realizados por uma organização independente de cientistas. Inclui 15 ensaios clínicos com mais de 59000 participantes. Cada um desses estudos tinha um grupo controle.

Este grupo, reduziu a gordura saturada ou substituiu-a por outros tipos de gordura. Durou pelo menos 24 meses e teve em conta endpoints como ataques cardíacos ou morte.

Assim, o estudo não encontrou efeitos estatisticamente significativos! Ou seja, a redução de gordura saturada não demonstrou ter relação a ataques cardíacos, derrames ou provocar mortes.

Contudo, substituí-la por gordura poliinsaturada levou a um risco 27% menor de eventos cardiovasculares (mas não a morte, ataques cardíacos ou derrames). Concluindo,  as pessoas que ingeriam bastante gordura saturada tinham o mesmo risco de morrer,  sofrer ataques cardíacos e derrames, que aquelas que reduziram a  gordura saturada.

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Dito isto, o que muito provavelmente a epidemiologista de Harvard queria dizer com “o óleo de coco é puro veneno” seria que na grande generalidade as gorduras saturadas devem ser usadas com moderação pela população! Especialmente, por populações de risco que a partida devem ter cuidado com a ingestão de gordura!

Isto porque, notou-se um uso indiscriminado deste produto e quase propaganda de produto milagroso. Contudo, e como qualquer alimento, nada é tão inofensivo que possa ser consumido sem moderação.

Assim como qualquer produto alimentar deve ser ingerido com consciência e ou moderação! Até uma simples folha de alface pode ser veneno para quem têm dificuldades em digeri-la!

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Deste modo, e analisando tudo e não apenas a opinião de uma cientista de Harvard, temos que entender que existem grupos de risco em que faz sentido desaconselhar a ingestão deste óleo assim como a maioria dos alimentos ricos em gordura saturada.

Em conclusão, consumir óleo de coco parece trazer benefícios para a saúde quando aliado a um estilo de vida consciente e equilibrado.

Tal como outras fontes de gordura, certifique-se que o usa com moderação.

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Caso tenha problemas cardíacos ou de colesterol prefira alimentos ricos em gorduras insaturadas como azeite, nozes, sementes, peixes gordos e abacate.

Fonte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.

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Joana Morais
Joana Morais
Desde que me conheço a área da saúde sempre me fascinou, em especial a área da fitoterapia e nutrição. Muitas vezes brincando que noutra vida fui "feiticeira" porque sou apaixonada por tudo o que têm propriedades curativas. Finalizado o mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas, sinto-me útil a ajudar.

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