Será The Sword of Ianna o melhor jogo de sempre para o Spectrum?

Se não for, anda lá muito perto, como iremos ver…

Corre o mito na aldeia de que houve um momento terrível, quando o destino dessas terras estava nas mãos de uma única pessoa: Jarkum. E Jarkum, herdeiro de Tukaram, estava marcado desde o seu nascimento, tendo sido treinado não só nas artes da luta e da guerra, mas também na astrologia, medicina e meditação. Tudo isto viria a ser necessário se um dia o seu destino fosse cumprido e a deusa Ianna o chamasse para lutar contra o mal. Só se podias rezar por Ianna até ao momento em que Jarkum estivesse pronto para enfrentar seu destino…

Aqui começa a história de um dos lançamentos mais aguardados do ano, a mega produção da Retroworks, The Sword of Ianna, e que não vai desiludir ninguém, sendo um sério candidato a jogo do ano. Como curiosidade o facto de ser lançado quer para o ZX Spectrum (128k), quer para o MSX2, que também parece estar a ter uma nova vida, agora que a febre do retro voltou em força.

The Sword of Ianna vai buscar inspiração a clássicos como Prince of Persia e Castlevania, sendo graficamente muito semelhante a este último. Comparando-se a um dos melhores jogos que alguma vez foi lançado para o Spectrum, mesmo tendo saído muitos anos após a época dourada deste, é logo um bom prenúncio para o que nos vai ser apresentado. E as expetativas não saíram defraudadas, pois The Sword of Ianna é, a todos os níveis, do melhor que que já se viu neste formato, explorando ao máximo as capacidades do Spectrum (e também do MSX2, pelo que nos foi dado a ver).

Quem também já jogou Prince of Persia ou Castlevania (haverá alguém que não o tenha feito?), sabe precisamente o que aqui vai encontrar. Temos assim para explorar um imenso mundo místico, com todo o tipo de inimigos a quererem tratar-nos da saúde, desde múmias e ogres, até gigantes bem complicados mais de serem ultrapassados. Aliás, o nível de dificuldade é muito elevado, o que torna a recompensa maior sempre que conseguimos ultrapassar algum obstáculo ou inimigo de maior calibre.

Explorar é também o que temos que ir fazendo a todo o momento. A nossa arma (poderão ser de quatro tipos diferentes) não serve apenas para limpar o sebo aos nossos inimigos. Serve também para destruir os blocos e outras partes do cenário que escondem tesouros e o acesso a novas salas, mas também a preciosa comida, de que muito necessitamos para repor a energia. É que se há alguns obstáculos que ao mínimo toque são fatais, e neste caso o nível de energia é inútil, há inimigos que de cada vez que nos atingem, fazem diminuir drasticamente a nossa força. Assim, a nossa primeira tarefa é descobrir a melhor forma de lidar com cada um dos nossos inimigos, que têm características e capacidades diferentes, requerendo também da nossa parte abordagens diferenciadas. Convém ainda termos em atenção às quedas de locais muito altos, que poderão ser fatais. Vão assim explorando todas as salas e procurando atrás de todos os blocos, ou não terão vida longa.

Em alguns pontos encontram-se também, sempre muito bem guardadas, evidentemente, alavancas que permitem desbloquear portas, mover paredes e plataformas, etc., e que nos permitem aceder a outros locais. Assim, apesar de deambularmos num autêntico labirinto, existe uma sequência lógica que evita que tenhamos que passar inúmeras vezes pelo mesmo ponto, o que poderia trazer alguma monotonia à belíssima experiência que é jogar The Sword of Ianna.

Cor é coisa que também não falta por aqui. Os gráficos são espantosos, o som uma pequena maravilha, obra de Albert Mcalby, e tudo se encontra tão bem polido, que se torna um autêntico vício vaguear por este mundo místico. Nem parece que estamos perante uma máquina tão limitada como é o Spectrum.

Por outro lado, dominar o sistema de controle do nosso personagem exige alguma mestria, dado que existem duas teclas de disparo (uma para o manejo da arma, outra para embainhar ou desembainhar a mesma), e em situações de stress ou de exigência de reação rápida (e que acontece com muita frequência), nem sempre conseguimos acertar com a tecla correta, levando a consequências fatais. No entanto, rapidamente iremos dominar o sistema de controle e estaremos aptos a começar a ultrapassar os diversos níveis.

E por falar em níveis, sempre que terminamos um, é-nos dada uma password que permite ir gerindo os tempos destinados ao jogo, assim como evita termos que repetir todos os passos já dados de cada vez que começamos uma nova aventura. Muito útil, já que para terminar The Sword of Ianna necessitarão de muitas horas. Do nosso lado já terminámos esta imensa aventura e podemos comprovar que vale a pena ir até ao fim, nem que seja apenas para ver a animação final. Deixamos aqui os códigos para cada um dos oito níveis, mas utilizem-nos com as devidas reservas, já que não vos deve inibir de experimentar todos os níveis, cada qual com diferentes características e que só por si valem a pena explorar.

Mas como se ainda tudo isso fosse pouco, a própria apresentação de The Sword of Ianna é um luxo. Apesar de poderem descarregar o mesmo gratuitamente aqui (ou poderão fazer uma doação para os autores, que bem merecem), podem também adquirir a versão física que incluí a cartridge com o jogo, uma pequena história e mais algum material adicional, valendo bem os 40 euros pedidos por esta edição de colecionador. A primeira edição já se encontra esgotada, mas em breve haverá numa nova.

Assim, o nosso conselho é: corram a descarregar ou a comprar The Sword of Ianna. Irão ficar deslumbrados.

 

 

Siga a Leak no Google Notícias e no MSN Portugal.

Receba as notícias Leak no seu e-mail. Carregue aqui para se registar. É grátis!

André Leão
André Leãohttp://planetasinclair.blogspot.pt/
Tive o meu primeiro computador em 1985, um TC 2048, que me iniciou na informática. Apesar de no final dos anos 80 ter definitivamente passado para os 16 bits, o bichinho do Spectrum e clones sempre ficou, até aos dias de hoje. Atualmente coleciono tudo o que tenha a ver com o Spectrum e vou estando a par das novidades deste mercado, sendo fundador do blogue Planeta Sinclair.

Leia também