As alterações climáticas provocaram, no ano passado, semanas de temperaturas muito altas. Assim fizeram murchar as colheitas nos países da África Ocidental que sustentam o abastecimento mundial de chocolate. Isto afetou as colheitas e vai fazer disparar ainda mais os preços. Por tudo isto, em breve vai ficar muito mais caro comer chocolate!
Vai continuar a comprar apesar do chocolate ficar mais caro?
Os agricultores da região – que representam cerca de 70% da produção mundial de cacau – têm-se debatido com o calor, as doenças e a precipitação invulgar nos últimos anos, o que contribuiu para a queda da produção.
Este facto provocou uma explosão do preço do cacau, que é produzido a partir das sementes do cacaueiro e é o principal ingrediente do chocolate.
Agora um novo relatório concluiu que “as alterações climáticas, devidas principalmente à queima de petróleo, carvão e gás metano, estão a fazer com que as temperaturas mais quentes se tornem mais frequentes” na Costa do Marfim, no Gana, nos Camarões e na Nigéria.
O estudo, realizado pelo grupo de investigação independente Climate Central, concluiu que a tendência era particularmente acentuada na Costa do Marfim e no Gana. Ou seja, os dois maiores produtores de cacau.
A questão das temperaturas
Utilizando dados observacionais de 44 zonas produtoras de cacau na África Ocidental e modelos informáticos, os investigadores compararam as temperaturas actuais com as de um mundo sem os efeitos das alterações climáticas.
Analisaram a probabilidade de estas regiões enfrentarem temperaturas superiores a 32 graus Celsius. Ou seja, acima dos níveis considerados óptimos para os cacaueiros.
O relatório calculou que, ao longo da última década, as alterações climáticas acrescentaram mais três semanas de calor superior a 32ºC na Costa do Marfim e no Gana. Isto durante a principal estação de crescimento, entre outubro e março.
No ano passado, o ano mais quente de que há registo a nível mundial, os investigadores constataram que as alterações climáticas provocaram temperaturas superiores a 32°C em pelo menos 42 dias em dois terços das áreas analisadas.
O calor excessivo
Os investigadores afirmaram que “o calor excessivo pode contribuir para uma redução da quantidade e da qualidade da colheita”.
Os investigadores referiram ainda que muitos outros factores podem prejudicar as árvores de cacau e fazer subir os preços. São exemplo disso os padrões de precipitação. Também o contrabando e exploração mineira ilegal.
A Christian Aid publicou na quarta-feira um estudo separado sobre a vulnerabilidade dos produtores de chocolate e cacau. Isto em relação às alterações climáticas e aos fenómenos extremos provocados pelo aquecimento global.
A instituição de caridade britânica afirmou que as condições na África Ocidental passaram de precipitações extremas e colheitas estragadas durante a estação seca em 2023 para uma seca em 2024.
As colheitas fracassadas ajudaram a impulsionar um aumento meteórico dos preços do cacau desde finais de 2023 nos mercados de Londres e Nova Iorque. Locais onde esta mercadoria é transaccionada.
Lembramos que em janeiro, o fabricante suíço de chocolate Lindt & Spruengli disse que iria aumentar os preços novamente este ano para compensar o aumento dos custos do cacau.
O grande problema é sem dúvida os climas mais áridos. As emissões de gases com efeito de estufa, que aquecem o planeta, são o principal fator desta aridez. No entanto, as práticas que degradam os solos e a natureza também desempenham um papel importante. Como resultado para já temos o chocolate muito mais caro a médio prazo.