Dacia vai ter um problema de preço em Portugal!

Não é novidade para ninguém que a Dacia é a marca que mais vende em Portugal. Algo completamente normal, visto que esta é a fabricante que oferece as melhores propostas no lado da qualidade-preço, num mercado automóvel quase sempre dominado pelos usados, e pelos importados que ninguém sabe muito bem em que estado estão.

Há quem diga que, se não quer comprar um carro usado, pode sempre comprar um carro novo Dacia ao mesmo preço do usado. Uma forma de fazer as coisas que tem feito da Dacia uma campeã das vendas!

Afinal, Portugal é um mercado virado para as frotas, onde a grande maioria dos automóveis novos são na realidade comprados por empresas e não por pessoas. Aliás, em 2022, apenas um Tesla foi comprado por uma pessoa real, com tudo o resto a ser adquirido a partir de empresas.

Aqui poderá pensar que o problema está muito em cima dos nossos ordenados, que são demasiado curtos para que exista um poder de compra “normal”. Mas… Isso, apesar de ser parte do problema, não conta a história toda. Portugal tem um problema grave com a fiscalidade, como já falámos neste artigo:

Dacia tem um problema de preço em Portugal!

bigster: a dacia quer crescer! em vários sentidos!

Pois bem, qual é a razão para se dizer que a Dacia tem um problema de preço em Portugal?

Bem, com a renovação de gamas e um maior foco na qualidade pura e dura, a velha marca “low-cost” vai subir de nível, e, como tal, vai passar a oferecer propostas muito mais interessantes como é o caso do recentemente lançado Bigster.

Este é um automóvel que já vai para o segmento C (S-SUV), e como tal já vem com outro nível de equipamento e acabamentos, como é a melhor qualidade do isolamento acústico, um porta-bagagens automático, entre muitas outras coisas. Mas, esquecendo o Bigster que ainda não chegou de forma oficial às estradas Portuguesas, temos também o exemplo das versões mais equipadas e caprichadas do Duster, especialmente a versão híbrida, que começa nos 29 mil euros em Portugal.

Dito tudo isto, apesar da revelação oficial do Bigster, e de a própria marca ter referenciado um preço abaixo dos 25 mil euros para a versão a combustão, e inferior a 30 mil euros para a versão híbrida, a realidade é que ainda não são conhecidas as propostas comerciais para o novo automóvel da Dacia em Portugal.

dacia vai ter um problema de preço em portugal!

Isto porque… Ainda não sabemos muito bem a batelada que a fiscalidade Portuguesa vai meter em cima desta nova proposta “low-cost” da fabricante Romena agora parte integrante do Grupo Renault.

Ainda assim, a marca garante que o modelo surpreenderá pela “melhor relação qualidade/preço do segmento C-SUV”, quando as encomendas abrirem no início de 2025.

Uma forma curiosa de meter a “coisa”, porque esta frase passa logo a ideia de que vai ser uma boa proposta em termos de preço. Porém, tendo sempre como ponto de comparação a restante gama C-SUV, e não a restante frota Dacia.

A culpa não é da Dacia!

Sim, a Dacia quer crescer, quer ter mais qualidade, e quer chegar a mais clientes. Porém, a sua identidade vai ser sempre esta de qualidade-preço. Ou seja, o problema aqui não está na sua tabela de preços por si só, está sim na forma como a fiscalidade Portuguesa funciona.

Isto vai ser notório com alguns dos novos motores que o Bigster vai trazer para o mercado. Motores que são maiores (maior cilindrada), e como tal, apesar de até serem mais eficientes, vão ter de pagar mais imposto. É exatamente por isto que os automóveis costumam ser mais caros em Portugal comparativamente a outras regiões Europeias, como é o caso de Espanha.

dacia vai ter um problema de preço em portugal!

De quem é a culpa?

O maior culpado é o ISV (Imposto Sobre Veículos), bem como a dupla tributação que acontece no nosso território (o IVA incide sobre o valor do veículo, acrescido de ISV e custos de legalização).

Como se calcula o ISV?

Chega-se ao valor de ISV a pagar somando a componente cilindrada com a componente ambiental (taxa sobre as emissões de CO₂ + eventual agravamento por emissão de partículas) e subtraindo os descontos aplicáveis.

Para o calcular, o Estado usa a seguinte tabela (para automóveis ligeiros):

Cilindrada (cm3) Taxa / cm3 Parcela a abater
até 1000 cm3 0,99€ 769,80€
1001-1250 cm3 1,07€ 771,31€
mais de 1250 cm3 5,08€ 5 616,80€

Por exemplo, um automóvel com um motor de 1100cm3 terá de pagar:

  • 1100 x 1,07€ – 771,31€ = 405,69€

Por sua vez, um motor de 1800 cm3 terá de pagar:

  • 1800 x 5.08 – 5616,80 = 3527,2€

Ou seja, estamos a pagar imposto apenas e só pelo tamanho do motor, e não pelas emissões de que este responsável. Afinal, um motor de 1800cm3 pode ser muito mais eficiente, especialmente se for eletrificado, face a um motor de 1100cm3 que ande puramente a gasolina.

É díficil perceber o porquê de as coisas ainda funcionarem assim, porque acaba por tornar mais complicada a renovação do parque automóvel, e além de de termos um parque automóvel envelhecido, e pouco seguro, o próprio estado acaba por ganhar menos dinheiro em impostos.

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Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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