Costuma dizer-se que se vendem poucos carros em Portugal, mas isto não é bem verdade.
Os Portugueses adoram carros, e como tal, se estiver dentro das suas possibilidades, gostam de trocar para algo superior, mais confortável, mais seguro, mais equipado, etc… De facto, são vendidos poucos automóveis novos, porque a grande maioria dos condutores preferer adquirir carros usados, não só porque é possível meter as mãos em em algo superior a novo (mais equipamento, maior qualidade de construção, motorizações mais potentes), como é também possível fugir um pouco à fiscalidade sem sentido deste nosso pequeno cantinho Europeu.
A conversa está sempre à volta dos impostos! Porquê tanto imposto? Bem, os carros, apesar dos seus preços altíssimos e o facto de a grande maioria dos veículos novos serem vendidos a empresas em vez de a condutores “comuns”, continuam a ser uma das maiores receitas do Estado Português.
Carros novos são demasiado caros em Portugal. Sabe porquê?
Portanto, provavelmente até já ouviu falar do assunto, mas se calhar não o entendeu a fundo. Dito isto, se estiver interessado num qualquer automóvel, e for comparar os preços de aquisição entre Portugal, Espanha, França, Alemanha, etc… Vai reparar que apesar dos nossos rendimentos ficarem aquém destas regiões, o valor de aquisição do automóvel vai ser quase sempre mais elevado, especialmente se for um veículo de maior cilindrada.
Porquê?
É preciso ter em conta que quando chega a hora de meter o dinheiro em cima da mesa para adquirir um novo automóvel, vai ter de pagar o IVA a 23%, bem como o ISV (Impostos Sobre Veículos), um imposto variável que reflete um cálculo baseado na cilindrada do motor e emissões de CO2.
Além disto, é preciso ainda ter em conta que o IVA a 23% é aplicado sobre o preço do automóvel já com o ISV contabilizado. Algo que segundo a União Europeia é completamente ilegal, mas ainda se vai fazendo por cá.
- Nota: Em Portugal, por enquanto, os 100% elétricos não pagam ISV ou IUC (Imposto Único de Circulação).
Qual é o grande problema do ISV atual?
O ISV moderno funciona mal, um pouco à semelhança do sistema de Classes das portagens Portuguesas. É um sistema desatualizado, que apenas não se muda, porque dá muito dinheiro ao estado. De forma muito resumnida, penaliza indevidamente a nova geração de automóveis, hoje em dia muito mais eficiente e amiga do ambiente.
De forma mais concreta, as fabricantes andam a apostar forte e feio na eficiência do motor a combustão, com a grande ajuda da eletrificação. Por isso, a cilindrada já não reflete de modo geral o nível de poluição de um carro moderno.
Assim, hoje em dia, um motor 2.0 pode ser menos poluente que um motor 1.5 ou 1.0. Porém, segundo o ISV Português, você vai ter de pagar mais pelo motor menos poluente, porque é maior e teoricamente tem mais potência.
Em suma, o sistema deveria dar peso apenas às emissões!
- Uma métrica bem conhecida e testada, e não a tamanhos que hoje em dia pouco ou nada significam.
Estamos a falar de diferenças de preço, que no carro mais “banal”, pode chegar aos 5000€. Isto é algo que se reflete nas propostas das marcas para o nosso mercado, que não só evitam trazer motores com maior cilindrada, como ainda têm de tentar arranjar soluções e campanhas para tornar as suas propostas mais aliciantes.
Existem casos em carros de maior cilindrada, em que a diferença de aquisição entre Portugal e Espanha pode ascender aos 10 mil, 20 mil euros, ou até mais. Acha que faz sentido? Partilhe connosco a sua opinião na caixa de comentários em baixo.