Podia resumir este artigo ao dizer apenas e só “não compensa face ao custo e complexidade da implementação, e claro, resultado da captura energética no mundo real”. Mas, vamos um pouco mais ao detalhe, porque alguns carros elétricos ou híbridos já trazem a opção de painéis elétricos para carregar baterias, ou pelo menos para dar vida a alguns dos sistemas do automóvel.
Carros Elétricos não apostam em painéis solares. Sabe porquê?
Não vamos debitar demasiados detalhes técnicos, porque isso seria contraprodutivo para o objetivo da Leak. Mas, é preciso ter alguma noção da forma como um painel solar funciona.
Dito isto, os painéis solares têm uma potência nominal frequentemente marcada na unidade não-SI watt-pico (Wp). De forma muito resumida, esta é a potência que o painel é capaz de produzir se estiver totalmente exposto ao sol, e claro, esta exposição seja feita a uma temperatura óptima.
No entanto, no mundo real, mesmo em condições ótimas, raramente se chega ao potencial máximo do painel. Aliás, é preciso dizer que todos os painéis têm um coeficiente de temperatura (no intervalo 0,2%-0,5%), que indica a perda de potência esperada por cada grau acima dos 25°C. Assim, considerando que um painel exposto ao sol direto de verão pode atingir mais de 65°C, especialmente em regiões como a nossa, a degradação é de 10~20%.
Outro fator a considerar é que além de existirem horas finitas de sol durante o dia, e do facto destas horas depender da estação do ano, nem sempre vai conseguir arrumar o seu automóvel ao sol.
É que caso não saiba, apesar do facto de o Sol aquecer o interior do seu automóvel, e de isso poder enfraquecer alguns dos materiais do habitáculo, os painéis solares odeiam a sombra.
Aliás, como as células de um painel estão normalmente ligadas em série, mesmo que apenas uma fração esteja tapada pela sombra, a produção de todo o painel cai cerca de 50%.
Calma que ainda não terminámos, a coisa fica pior. Afinal, se todos os painéis estiverem ligados ao mesmo inversor, como seria muito provavelmente o caso no mundo automóvel, para controlo de custos, o facto de um painel ter um desempenho inferior acaba por diminuir a produção de todo o conjunto.
Estas são preocupações importantes, que têm de ser sempre limitadas na montagem de painéis em telhados.
Falta o preço!
Já existem alguns automóveis com tetos solares, como é o caso de alguns modelos da Hyundai e da Toyota. Porém, este é um extra que vai custar entre 1500€ ou 2500€, dependendo do mercado onde compra o carro.
Aliás, em alguns casos, o preço é tão alto face à produção energética, que os painéis são apenas utilizados para alimentar alguns sistemas extra do automóvel, em vez de levar energia para a bateria. (Em algumas regiões, a opção nem existe na configuração do carro).
Dito isto, em condições ótimas, numa região com muito sol, a alternativa da Hyundai iria oferecer qualquer coisa como 280 kWh durante um ano. (Em Londres, este número iria cair para cerca de 160 kWh, por exemplo). Um número que não conta com a energia que vai ter de gastar no arrefecimento do habitáculo… Porque… Bem… Deixou o carro estacionado ao sol.
Assim, mesmo que tenha taxas de carregamento a rondar os 50 cêntimos por cada kW carregado. Iria necessitar 10 a 20 anos para atingir um ponto de equilíbrio. Isto, novamente, tendo em conta que estamos sob condições ótimas, e claro, tendo também em conta que tem de manter o seu carro sempre limpo e lavado, para não afetar a produção de energia.
É demasiado caro para aquilo que acaba por receber em troca.
Conclusão
Em suma, ter painéis solares num carro não faz sentido… Agora. No futuro, isto pode vir a mudar.
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