Noite escura como breu, só se ouve o barulho do vento lá fora a massacrar as folhas. Está o ambiente perfeito para metermos a correr a banda sonora de The Shadow over Innsmouth, munirmo-nos do mapa da cidade com o mesmo nome e carregarmos o novo jogo de Bitfans, Innsmouth, autor de um dos grandes jogos de 2022 e que fez (merecidamente) um brilharete no GOTY desse ano com Donum.
Innsmouth: um novo jogo de aventura para o ZX Spectrum!
Mas ainda antes de irmos para o novo jogo, convém olhar para o manual que acompanha este lançamento, não só porque dá algumas dicas muito úteis sobre os comandos, assim como uma explicação sobre aquilo que se pode ver no ecrã, mas também porque faz um pequeno enquadramento da história, e que aqui deixamos:
Welcome to Innsmouth, the ancient town of decay and desolation that many don’t want to hear about.
You are not quite sure what has driven you to come here, but it’s clear that this town holds a dark and sinister past, and you want to uncover it. So you are invited to unravel the mysterious events lurking in this remote coastal town, where the line beween reality and madness blurs like fog in time. Do you dare to challenge the shadow over Innsmouth?
Como provavelmente já perceberam, o jogo inspira-se na sinistra novela de H.P. Lovecraft, The Shadow over Innsmouth, baseada em alguns elementos autobiográficos e tendo lugar numa pequena cidade de Massachusetts que existe de facto. Podem aqui consultar mais sobre esta obra de Lovecraft.
Embora Innsmouth tenha algumas semelhanças com Donum em termos de concepção, os dois jogos não poderiam ser mais diferentes.
É certo que ambos estão divididos em capÃtulos (“chapters”), e que o último capÃtulo de cada um dos jogos diferencia-se dos restantes, mas as semelhanças ficam-se por ai.
Tudo começa então por alturas da Lei Seca nos EUA (a acção decorre em 1927, em pleno perÃodo regido pela famigerada lei estabelecida pelos grupos mais religiosos e conservadores do paÃs), e somos deixados ao acaso na sinistra cidade de Innsmouth. Para complicar a coisa, esquecemo-nos dos pertences na carruagem, e apenas temos em nosso poder um dólar e um mapa da cidade. Tal como o nosso personagem, é obrigatório termos o mapa real que acompanha o jogo em nosso poder, doutra forma iremos rapidamente ficar perdidos, em especial no último capÃtulo (já lá iremos).
Não é só o local que é sinistro, os próprios nativos da cidade são tudo menos recomendáveis, com excepção do lojista, que dentro das suas possibilidades, nos dá algumas pistas fundamentais e nos dá alguns produtos essenciais, que poderão servir como moeda de troca. Convém desde logo reservar um quarto na única pensão da cidade, pois será ai que vamos descobrir mais algumas pistas que nos permitem ir avançando.
Os três primeiros capÃtulos desenrolam-se duma forma mais ou menos previsÃvel, muito semelhante a outras aventuras gráficas do género.
Ou seja, vamos avançando no jogo à medida que vamos descobrindo as pistas, falando com os personagens, e utilizando os objectos da forma mais adequada. Existe no entanto um número limite de jogadas que podemos fazer e quando esse se atinge, morremos de exaustão. Isso irá acontecer amiúde vezes, e só depois de muito explorarmos os cenários, conseguiremos fazer uma volta limpa e chegar ao final do capÃtulo. No entanto, não temam as dificuldades. Não só porque os quebra-cabeças são bastante lógicos, com excepção de dois ou três no capÃtulo três e que exige algum pensamento lateral e até combinação de objectos, mas porque o número de jogadas não é de modo algum impedimento para se chegar ao fim depois de percebermos o que devemos fazer.
Sempre que chegamos ao final de um capÃtulo, é-nos dada uma palavra-chave. Ela que permite que se possa avançar para o capÃtulo seguinte sem termos que passar por tudo novamente. Muito útil porque, apesar do jogo não ser especialmente difÃcil, ainda vamos necessitar de umas boas horas para se conseguir resolver todos os puzzles e chegar ao fim.
Terminado com sucesso os três primeiros capÃtulos, ficamos então a perceber naquilo que inadvertidamente nos metemos.
E agora resta-nos uma coisa. Fugir o mais rápido possÃvel de Innsmouth! Este último capÃtulo é basicamente um labirinto, no qual temos que, num determinado número de jogadas, encontrar a saÃda. Mais do que nunca, o mapa vai ser necessário, para percebermos exactamente onde nos encontramos e para ir marcando o local das barricadas. Só com persistência daremos com o único local possÃvel para se sair da cidade.
Innsmouth é um jogo absorvente, com uma atmosfera e (poucos) gráficos que representam na perfeição as novelas de Lovecraft. Quem aprecia as aventuras de Stefan Vogt ou de Furillo Productions, decerto irá ficar encantado com este trabalho. E se não ficarem com um arrepio na espinha a deambularem por Innsmouth, então são feitos de gelo. Ou talvez pertençam ao género das criaturas que vivem na sinistra cidade…
O jogo pode ser descarregado aqui.
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