Durante muitos anos, WEC Le Mans foi o race’n’chase de eleição, pelo menos para nós. Que nos perdoem os fãs de Chase H.Q., e há muitos por aí. Mas sempre gostámos mais deste jogo a recriar as 24 Horas de Le Mans. Não que Chase H.Q. não seja bom. Antes pelo contrário. Mas enquanto que neste último estamos perante um (excelente) jogo de acção / arcada, que nos coloca ao volante de um potente bólide, WEC Le Mans recria na perfeição o famoso circuito, entrando mais na categoria dos simuladores. Isto mesmo apenas tendo as teclas para virar, acelerar, travar e mudar a mudança (existem apenas duas).
WEC Le Mans para o ZX Spectrum: um grande race’n’chase!
Obviamente que não vamos estar a conduzir durante 24 horas. É que temos quatro voltas para fazer, tendo cada uma delas três etapas e que se percorrem em pouco mais de um minuto cada. Ao final de cada etapa, se conseguirmos terminar antes do relógio chegar a zero, temos direito a passar para a fase seguinte, sendo o tempo remanescente adicionado ao tempo definido para a etapa que se segue. Até aqui tudo muito semelhante aos jogos do género. Mas onde WEC Le Mans bate toda a concorrência e equipara-se a Chase H.Q. ou Power Drift, é na velocidade.
Recordam-se de Out Run, um jogo graficamente muito rico, mas no qual o bólide deslocava-se à velocidade de uma Dona Elvira, nomeadamente quando havia muitos elementos no cenário? Pois em WEC Le Mans nada disso acontece. A velocidade é constante, independentemente de termos uma viatura em pista, ou cinco viaturas. A programação muito competente de Mike Lamb, que tantos e tão bons jogos desenvolveu para o ZX Spectrum, fez um verdadeiro milagre. Pelo menos era o que se pensava, até ter aparecido Travel Through Time Vol.1: Northern Lights, mas isso é já outro campeonato.
Outro dos elementos que distinguem WEC Le Mans da maior parte da concorrência é a sua capacidade de memorizar a posição dos outros carros em pistas. Na grande maioria dos jogos do género, os carros vão surgindo na pista de forma mais ou menos aleatória. Isso não acontece aqui, pois se por acaso ultrapassarmos uma outra viatura e de seguida abrandarmos, iremos ver essa mesma viatura a ultrapassar-nos, ou até a abalroar-nos, um pouco como acontece em Super Hang-On, embora de forma menos clamorosa e um pouco mais justa para nós. Isto contribuí para tornar a corrida muito mais realista.
Inevitável, e por vezes não consensual, é o facto de a pista ser sempre igual.
Os detractores irão dizer que existe pouca variabilidade ou diversidade, que o jogo se torna monótono ao final de algum, tempo, etc., etc.. Compreendemos o sentimento, mas não o partilhamos. A forma como vemos este jogo é de uma verdadeira simulação, e uma vez que se está a recriar uma pista famosa, é inevitável que o circuito seja igual para cada uma das quatro voltas. Aliás, tal como no desporto real, o objectivo final será atingir-se a perfeição na condução, de modo a conseguir-se concluir a prova no tempo definido (a posição em que se termina não é relevante, aliás, nem sequer se sabe a posição na corrida).
Concordamos que talvez se pudesse dificultar um pouco mais a tarefa do condutor, que ao final de algumas horas de treino, conseguirá concluir a corrida sem grandes problemas. Talvez se pudesse acrescentar a posição do nosso piloto na corrida, isso daria certamente mais alguns motivos para aumentar a longevidade deste jogo. De qualquer forma, tendo em conta que o jogo corre apenas em 48K, parece-nos que não se poderia pedir muito mais.
Mas também não se pense que o jogo é assim tão fácil.
Apesar de a maior parte das curvas se conseguir fazer na mecha sem travar (atenção a um determinado ponto na etapa 2 do circuito), e a primeira volta ser quase um treino, as verdadeiras dificuldades surgem quando temos que negociar a estrada com mais três ou quatro bólides em simultâneo, ainda por cima quando esses têm o terrível hábito de se colocarem à nossa frente quando nos prepararmos para os ultrapassar. Vá lá que o sistema de colisão é generoso, jogando a nosso favor e evitando muito pião. No entanto mais tarde ou mais cedo iremos dar. Quando isso acontece, vemos o nosso carro em toda a sua glória.
A arte para se conseguir então terminar WEC Le Mans, e pressupondo que memorizamos o circuito e os “pontos quentes” será conseguir prever o comportamento dos outros condutores. É fundamental usar-se os travões quando duas ou três viaturas surgem à nossa frente. Por vezes até deixá-los avançar um pouco por forma a libertarem algum espaço na estrada, e apenas ultrapassá-los quando tivermos a certeza que não vamos colidir com eles ou espalharmo-nos para a valeta, ou pior, para os obstáculos que estão fora da estrada, sempre colocados nos pontos mais inconvenientes.
Também o som poderia ser um pouco melhor, é verdade.
O ronco do motor torna-se realmente monótono ao final de algum tempo. Por outro lado, é indicativo das rotações a que andamos e do momento em que necessitamos de mexer na caixa de velocidades. Felizmente que a aceleração da viatura é brutal. Assim que se arranca, rapidamente se atinge o ponto ideal para meter uma mudança acima. Isto sem que se percam segundos preciosos.
Assim, na nossa opinião, e mesmo tendo em conta dois ou três pontos que poderiam ser um pouco melhores, WEC Le Mans é um simulador tremendo, com uma jogabilidade fora de série, que certamente irá proporcionar muitos momentos de diversão a quem ousar acelerar neste potente bólide. Se é o melhor race’n’chase de sempre, não nos atrevemos a afirmar, mas mesmo não o sendo, que andará lá perto, isso sem dúvida alguma…
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