Ter um carro elétrico e ter uma experiência perto daquilo que podemos considerar de “ótima”, passa (quase) sempre por ter a capacidade de carregar o seu veículo em casa, seja através de um carregador próprio ou de uma Wallbox.
Mas claro, mesmo que carregue quase sempre em casa, por vezes vai ter de se ver obrigado a lidar com o sistema de carregamento público, seja por algum imprevisto, ou uma viagem mais longa.
Um sistema que está inegavelmente melhor face a um passado ainda recente, tal é a quantidade de carregadores a serem instalados quase todos os meses, mas que, ao mesmo tempo, apesar de todas as melhorias, continua a significar pesadelos pesados para quem anda com um carro elétrico na rua todos os dias.
Vamos tentar perceber o que quero dizer com isto.
Carro Elétrico: Carregar na rua continua uma experiência horrível
Portanto, carregar um carro elétrico na rua já não é tão mau como antigamente, aliás, está 1000x melhor. Isto dito por alguém que quase ficou a pé no primeiro ensaio automóvel a um veículo elétrico, no agora distante ano de 2018. Porém, está ainda muito longe da facilidade que é meter gasolina ou gasóleo num carro a combustão.
Para o elucidar, vou dar o exemplo dos meus últimos 3 dias ao volante de um Smart #1, um veículo 100% elétrico da agora renovada e muito mais jovial Smart.
Pois bem, na passada quinta-feira, fui ao parque de imprensa da Mercedes buscar o #1 com o mesmo a ser entregue com apenas 40% de bateria.
Tudo bem, tinha combinado ir treinar com um amigo e levá-lo ao aeroporto. Por isso, ou carregava perto do ginásio, ou se porventura isso não fosse possível (nunca se pode contar com o ovo no rabo da galinha quando se tem um carro elétrico em mãos), podíamos sempre carregar durante o tempo do jantar ou depois do mesmo.
Bem dito e bem feito! Fomos rumo ao Strada para ir treinar ao Fitness Hut do Shopping.
Começa logo mal! Dos 6 carregadores do shopping disponíveis e montados, estavam todos em utilização. Recurso? Fomos deixar o carro no posto de combustível Galp na rotunda imediatamente ao lado. Carregador rápido ocupado, mas o carregador de 20kWh estava disponível. Utilizámos esse. Afinal, vale mais pouca carga do que nenhuma.
Pois bem, quando ligámos o nosso carregador Type-2, o carregamento do outro automóvel parou. A pessoa veio, reiniciou o carregamento e tudo bem. Problema (aparentemente) ultrapassado. Fomos para o ginásio. Quando voltámos… Carregamento interrompido. O que aconteceu? Simples, quando a outra pessoa terminou o carregamento, o nosso foi interrompido.
Os carregadores, muitas vezes, não são de confiança!
Ok, tudo bem… Vamos jantar!
Infelizmente, não existiam carregadores disponíveis perto do restaurante. Mas tudo bem, no final do jantar vamos ao mercado de Algés beber café. O carro fica no posto de 150kW logo ao lado.
Só que não… Posto desligado devido a avaria.
Fomos então deixar o carro num posto de 50kW cerca de 1 quilómetro ao lado. Estava a chover torrencialmente por isso já não fomos ao café, ficámos só dentro de carro a tentar queimar 45 minutos que era o tempo de carregamento até aos 80% da bateria do Smart.
Em suma, carregamento bem sucedido após 3 ou 4 tentativas.
Segundo dia!
Vivo um pouco longe de Lisboa, e o caminho é 70% autoestrada. Isto significa que tinha cerca de 45% de bateria ontem de manhã.
Decidi ir ao novo posto de carregamento rápido de Salvaterra de Magos, que promete uns incríveis 150kWh. 15 minutos significaria uma carga entre os 80% e 90%. Incrível não é!? Carrega a essa velocidade? Claro que não.
Aliás, os carregamentos elétricos automóveis nunca são aquilo que está no posto ou no papel. Tudo acaba sempre por depender da quantidade de carga atual da bateria, da temperatura, da capacidade de carregamento dessa mesma bateria, e claro, da capacidade do posto entregar essa mesma energia.
Em suma, o carregador de 150kW carregou a uma média de 75kW. Ou seja, metade. Mas tudo bem, carreguei e fui-me embora.
Cheguei a Lisboa, e fui lanchar um belo de um Donut. Deixei no posto de carregamento mais próximo de 11kW. Primeiro para não ter de pagar estacionamento, segundo, porque teria sempre de carregar o automóvel antes de voltar para casa.
Neste caso, isto significaria 2~3 horas para chegar aos 80%. Porreiro para beber café, comer e passear um pouco. Pois… O posto só carregava a 4.5kW.
Ou seja, essas 2~3 horas passaram para 6~7. Estar ligado ao posto ou não ter carregado foi dar exatamente ao mesmo.
Assim, no final do dia, tive de ir a um outro posto de 150kW, que adivinhe só, carregava no máximo a 80kW. Curiosamente, neste mesmo posto, ainda tive de lidar com um outro condutor que por alguma razão achava que eu tinha de abandonar o posto para ele carregar o seu veículo.
Além das avarias, temos também de lidar com pessoas. Provavelmente o aspeto mais negativo da coisa.
Conclusão
Ter um carro elétrico pode ser o futuro, ao mesmo tempo que significa uma poupança incrível se conseguir carregar em casa. Mas carregar fora de casa continua a ser um ataque de nervos constante.
Os postos são (quase) todos em postos sem cobertura, por isso, se estiver a chover pode ter a certeza que se vai molhar como eu me molhei em todos estes dias de chuva torrencial.
Algo que dá sempre aquele nervosinho miudinho, porque apesar de saber que o sistema é seguro, ter uma mangueira capaz de passar 450V com chuva a cair em cima não é de todo das coisas que mais gosto de fazer na vida.
Temos ainda de lidar com postos avariados, indevidademente ocupados (carros a combustão mal estacionados, ou carros elétricos já carregados abandonados), ou com entrega de energia que não é a suposta. Nesta última parte, temos ainda de salientar que vai ter de pagar a tarifa normal, quer o posto lhe ofereça a potência total ou não. Infelizmente, ainda é assim que as coisas funcionam.
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