NHL 24: Podia ser incrível, mas a ganância não deixou

NHL 24 (PS5) – No mundo competitivo dos jogos de desporto virtuais, o franchise NHL da EA é há décadas um must buy há décadas para qualquer gamer entusiasta de hóquei. É um jogo muito à imagem de FIFA, e por isso mesmo vende que nem pãezinhos quentes ano após ano.

Dito tudo isto, como em qualquer jogo de desporto, os fãs antecipam ansiosamente todas as melhorias, os novos modos de jogo e o aumento do realismo que cada nova entrada pode trazer para cima da mesa. Entra então NHL 24, o mais recente lançamento da EA no mundo do hóquei, outro desporto que merecia sem dúvida ter mais atenção em Portugal.

Será então que NHL 24 consegue inovar o suficiente relativamente ao seu antecessor para ser um hat-trick perante os fãs, ou será que vai parar na caixa de penalidade?

Vamos descobrir com esta análise.

NHL 24: Podia ser incrível, mas a ganância não deixou

nhl 24

Gameplay e inovações

Começamos logo bem no departamento das inovações, isto porque NHL 24 é sem dúvida o jogo de hóquei mais realista até à data. Porquê? Este salto no realismo deve-se à implementação da nova Exhaust Engine (com base na famosa Frostbite), que permite adicionar uma nova complexidade ao jogo, introduzindo Vision Based Passing, Physics Based Contact e a noção de fadiga/pressão aos jogadores e especialmente ao guarda-redes.

Passo a explicar estes sistemas.

Algo que por vezes notamos em certos jogos de desporto é que os jogadores mantêm o mesmo nível de performance durante (quase) toda a partida, o que em termos de realismo faz muito pouco sentido.

No NHL 24, com este novo sistema de fadiga, é possível por exemplo levar um guarda-redes ao limite com remates continuados, atingindo um ponto em que marcar um golo é quase garantido se a equipa defensora não conseguir recuperar o disco e aliviar a pressão. Assim, juntamente com uma nova fluidez de movimento no gelo, este sistema abre muito mais o leque de oportunidades para marcar golo de várias áreas do campo e de diferentes formas, em vez de ser quase obrigatório fazer sempre o mesmo setup para enganar a IA e conseguir marcar.

Entretanto, a Vision Based Passing e o Physics Based Contact, apesar de não serem adições tão grandiosas ou valiosas, acrescentam uma nova profundidade aos passes e às situações de contacto. Sendo que o VBP permite passar o disco a qualquer jogador e em qualquer direção, o que permite executar jogadas mais inesperadas. Isto enquanto o PBC permite ao jogador escolher se quer executar uma placagem mais forte ou fraca, servindo apenas para separar o adversário do disco ou para o deixar um pouco “abananado”.

Outro ponto que merece uma menção honrosa é o facto de existirem mais opções de acessibilidade disponíveis aos jogadores, sendo possível mapear ações complexas a um único botão (sistema Total-Control). Como seria de esperar isto é algo extremamente positivo para novos jogadores ou para quem gosta de ter uma experiência mais simplificada.

Porém isto é algo que pode não agradar a veteranos de NHL que querem toda a complexidade possível que o jogo tem para oferecer.

Curiosamente, foi aqui que a EA me surpreendeu bastante pela positiva (i know right?!).

Isto porque ouviu o feedback dos fãs! Afinal, a EA prometeu reintroduzir os controlos híbridos e o controlo clássico do guarda-redes num patch que será lançado até ao final de Outubro.

Entretanto, algo que existe em NHL 24 e que é sempre bem-vindo (especialmente para aumentar a longevidade de um jogo) é o Crossplay, permitindo que o pessoal do lado das consolas possa jogar entre si (neste caso entre a Xbox e a Playstation).

Modos de jogo

Como em qualquer jogo de desporto, por muito boas que sejam as mecânicas, se não houverem modos de jogo cativantes, toda a experiência cai por terra.

Hockey Ultimate Team: aqui os jogadores podem reviver os momentos HUT. Estes consistem em pegar em reconstituições de equipas ou jogadores que executaram jogadas épicas ao longo dos anos e replicar as mesmas. Assim, vamos desbloqueando prémios exclusivos à medida que completamos estes desafios, o que por sua vez nos permite adquirir mais jogadores lendários para a nossa “dream team”.

Porém claro que sendo um jogo da EA, têm de existir microtransações na forma de packs de cartas que podemos comprar com dinheiro real.

Packs esses que, como tenho vindo a dizer, comportam-se como máquinas de casino, explorando uma componente de vício perigosa… Isto num jogo que está recomendado para +10 anos. É pura e simplesmente errado!

  • Nota do Redator: Quando o pack de “best value” na loja nos diz que são 20,000 NHL points por 149,99€… Bem, não é algo que possa ignorar.

World of Chel: neste modo, os jogadores podem formar equipas com amigos ou companheiros de equipa. Isto em partidas 3 x 3 ou 6 x 6, usando os seus próprios personagens que podem ser personalizados a gosto. Podem escolher também se querem ser um defensor (jogar à defesa), um atacante (jogar ao ataque) ou um guarda-redes. É o modo de jogo que oferece aos jogadores uma verdadeira experiência de hóquei, criando o nosso próprio atleta e, juntamente com amigos, chegar ao topo da liga.

É aqui que entram também outro tipo de microtransações. Incluindo um Battle Pass que para além dos rewards gratuitos, tem a opção de desbloquear um tier premium.

Mas, para dar algum crédito onde ele é merecido, a EA prometeu que todos os rewards capazes de afetar diretamente o gameplay vão ser exclusivos do tier gratuito. (havendo só rewards cosméticos no tier premium). Agora pergunto, porque não ter esta abordagem para todo o tipo de microtransações?

Franchise Mode e Be a Pro: temos aqui o nosso modo de carreira single-player. Este consiste em levar a nossa personagem/jogador desde as “pequenas ligas” até ao eventual domínio da NHL (National Hokey League). Vamos ganhando experiência que por sua vez utilizamos para melhorar os atributos do jogador e moldá-lo ao nosso estilo de jogo.
É um modo bastante imersivo, sendo possível receber prémios e até interagir com os media como se fossemos mesmo um jogador em ascensão.

Performance

Relativamente à performance, esta é extremamente estável na PS5.

Durante os jogos é possível ter uma experiência em 4K e esperar 60 FPS estáveis durante toda a partida. Porém, o mesmo não pode ser dito acerca dos menus que por vezes engasgam-se um pouco e não são muito fluidos.

Conclusão

Em suma, NHL 24 consegue, até certo ponto, justificar o seu lançamento anual. Isto é o melhor elogio que eu posso dar a um jogo de desporto virtual da EA. Porque, vamos ser muitos honestos, vivemos num mundo em que lançamentos anuais quase nunca justificam o preço que editoras e estúdios exigem.

No caso do NHL 24, a introdução da Exhaust Engine/fadiga dos jogadores, a capacidade de passar o disco em qualquer direção. Bem como o controlo da força com que chocamos num oponente e o Crossplay, efetivamente marcam uma boa evolução em termos de gameplay.

Assim, se é fã de hóquei e especialmente se nunca experimentou um NHL, recomendo este lançamento mais recente. Este é sem dúvida o jogo de hóquei com mecânicas mais realistas até à data e com gráficos que não se ficam atrás. Porém, a forma como as microtransações foram aplicadas é algo que continua a ser injustificável.

7/10 (daria um 8/10 com um grande sorriso na cara, mas a EA só vai merecer scores mais altos quando largar este tipo de práticas)

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Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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Um jogo incrível. Tão bom que até daria um 8/10 com um grande sorriso na cara. Porém, a EA só vai merecer scores mais altos quando largar este tipo de práticas próprias de um Casino.NHL 24: Podia ser incrível, mas a ganância não deixou